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    Águas Rasas
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Águas Rasas

    Ameaça profunda

    por Lucas Salgado

    Responsável pelo hit do terror A Órfã, o diretor espanhol Jaume Collet-Serra se afastou um pouco do cinema de suspense nos últimos tempos, realizando três thrillers de ação com Liam NeesonDesconhecidoSem EscalasNoite Sem Fim. Agora, ele investe num filme que reúne vários elementos dos dois gêneros citados. 

    Águas Rasas é um filme de tubarão. Mas não só isso. É uma obra bastante eficiente sobre luta pela sobrevivência. Não trata-se simplesmente de um longa de monstros com uma heroína principal. É sobre uma jornada.

    Nancy (Blake Lively) é uma jovem que larga o curso de medicina após a morte da mãe. Buscando memórias desta, a garota procura por uma praia secreta em um lugar paradisíaco, na qual a mãe esteve décadas atrás. Ela encontra o recluso local e passa boa parte do dia surfando. Até que acaba atacada por um tubarão.

    Ferida, ela se acolhe em um recife de corais, não muito longe da costa. Mas o animal permanece por perto, impedindo que tente nadar até a praia. Nancy, então, terá que bolar um plano para conseguir escapar antes que a maré suba.

    Com pouco menos de 90 minutos de duração, o longa é ágil, criativa e atraente. O diretor não deixa a bola cair e ainda insere alguns artifícios visuais bem interessantes. O cinema e a TV já adotaram a ideia de exibir mensagens de texto na tela, mas Águas Rasas vai além. Vemos posts no Instagram e até conversas via FaceTime. Foi o artifício encontrado para trazer outros personagens para a tela, seja através de vídeo (irmã e pai de Nancy) seja através de fotos (mãe).

    A tela também informa os dados relativos à maré, fazendo o espectador acompanhar com agonia a situação da personagem. Visualmente, o filme é muito bem trabalhado. A direção de fotografia de Flavio Martínez Labiano é boa, tanto nas cenas dentre quando nas fora d'água. Ele também mescla bem a utilização de imagens de câmeras não profissionais, como uma GoPro. As cenas de surf, inclusive, são muito bem filmadas e menos artificiais do que costumam ser estes momentos no cinema.

    Cabe destacar ainda a trilha sonora de Marco Beltrami, que é tensa, mas não exagerada. Curiosamente, o profissional peca pelo excesso em um outro filme em cartaz no momento, Ben-Hur

    The Shallows (no original) só peca ao querer criar um sentindo para a aventura de sua protagonista. Toda história da mãe e as conversas com o pai parecem apenas enrolação. Se as cenas no mar são naturais, as sequências familiares são todas artificiais e forçadas. O roteirista Anthony Jaswinski erra bastante a mão ao tentar transformar sua luta pela sobrevivência em algo maior.

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