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    Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina

    Aventura pela cidade

    por Francisco Russo

    O cinema brasileiro tem um longo histórico de produções infanto-juvenis cuja origem está na televisão, que o digam os incontáveis filmes estrelados pelos Trapalhões. Logo, não é surpresa alguma que o sucesso da telinha Carrossel tenha também migrado para a telona e que, após o bem-sucedido primeiro filme, esta sequência chegue ao circuito apenas um ano depois. Com elementos consagrados em ambos os meios, Carrossel 2 traz como novidade um saudável clima nonsense, que em alguns momentos serve até como autosarcasmo em situações politicamente incorretas (ok, nem tanto assim, mas bem mais ousadas do que se espera de um filme estrelado por crianças).

    Interligado com o primeiro longa-metragem, Carrossel 2 inicia com as crianças da escola Mundial curtindo o sucesso do vídeo com a música "PanaPaná", já com 10 milhões de visualizações. Agora acompanhados pela professora Helena (Rosanne Mulholland), ausente do longa original, eles são convidados a participar de um show ao lado da popstar Didi Mel (Miá Mello), amiga de infância da própria Helena. Só que, parelalamente, os vilões Gonzalez e Gonzalito (Paulo Miklos e Oscar Filho, impagáveis) saem da prisão e, dispostos a se vingar, sequestram Maria Joaquina (Larissa Manoela). É o início de uma longa jornada pela cidade de São Paulo, onde Helena e as crianças precisam cumprir uma série de provas, no melhor estilo videogame.

    Para início de conversa, esqueça a lógica! Situações como ligações telefônicas atendidas por todos os celulares simultaneamente desafiam os conceitos tecnológicos existentes, mas o próprio filme os assume como algo absolutamente normal e até tira sarro disto - basta notar a pergunta sobre o porquê de um índio americano surgir do nada, em determinado momento do filme. A realidade de Carrossel 2 é idealizada e pintada em tons exagerados, típicos de desenho animado. É aí que se encaixa tão bem a dupla formada por Miklos e Filho, com o agora ex-Titã escancarando idiossincrasias típicas de vilão e o ex-CQC bancando seu atrapalhado e devotado ajudante. Uma espécie de Dick Vigarista e Mutley, por assim dizer.

    Ingênuo por natureza, Carrossel 2 investe firme no mix de aventura e cantoria com uma linguagem para o público jovem - termos típicos da internet e palavras em inglês há aos montes. Várias são as músicas apresentadas, algumas explorando o lado saudosista dos adultos que inevitavelmente acompanharão as crianças - há de "Balão Mágico" a uma versão remasterizada do clássico "Pintinho Amarelinho" -, outras apenas aproveitando o conhecido estilo pop-chiclete. Outro ponto importante é que, por mais que sempre privilegie a diversão, o roteiro entrega mensagens educativas sem apelar para o didatismo, especialmente através de breves comentários da professora Helena sobre o comportamento de seus alunos. Da mesma forma, a resolução das provas exige um bem-vindo raciocínio lógico dos menores, algo que também funciona pelo lado instrutivo.

    Entretanto, por mais que tais fatores sejam bem executados, é na dinâmica entre as crianças que Carrossel 2 se sustenta. Trabalhando juntos há vários anos, elas possuem a necessária cumplicidade para que convençam como grupo de amigos, passando por cima do estereótipo impregnado em vários personagens. Em um grupo tão amplo é claro que há instabilidades, mas merecem destaque o carismático Nicholas Torres (Jaime) e também Larissa Manoela, que cumpre bem o tom arrogante necessário para Maria Joaquina.

    Carrossel 2 ainda retrata com competência o comportamento de seu público-alvo, especialmente no relacionamento que possui com celulares e tablets, conseguindo divertir sem deixar de lado um certo tom educativo, algo raro em produções infanto-juvenis. É no terço final que o longa decai, especialmente pela insistência do roteiro em formar pares românticos entre as crianças e pelas mensagens prontas de amizade e companheirismo que pipocam na tela a cada minuto. Apesar disto, e de alguns exageros que surgem aqui e ali, como a música cantada por Miá Mello, trata-se de um bom filme de férias que explora bem o lado lúdico, o que no fim das contas é seu maior objetivo.

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