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    Ausência
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Ausência

    Juventude abandonada

    por Lucas Salgado

    Sete anos após sua estreia no cinema de ficção com A Casa de Alice, o diretor e roteirista Chico Teixeira realiza mais um drama: Ausência. Trata-se de um drama que se explica através do título, mas que não se esgota no mesmo. É uma obra sobre solidão, sobre o sentimento de abandono e sobre a dificuldade de se crescer sem a presença de figuras paternas ou maternas.

    Premiado no Festival do Rio 2014, o jovem Matheus Fagundes interpreta Serginho, um garoto de 14 anos que trabalha com o tio em uma feira. Sem a presença do pai, que abandonou a família, ele é obrigado a cuidar do irmão mais novo e da mãe (Gilda Nomacce), que sofre com problemas de alcoolismo. Ao mesmo tempo em que se interessa por uma garota que também trabalha na feira, ele desenvolve uma relação especial com um cliente, um professor vivido por Irandhir Santos

    Santos e Nomacce são atores absolutamente fascinantes, o que torna ainda mais marcante a atuação de Fagundes. O menino é o filme. Ele entrega um peso dramático e um olhar de inocência que é bonito e ao mesmo tempo devastador. Serginho demonstra a completa necessidade de se apegar a alguém. Ele precisa de apoio, de alguém que o trate como a criança que é. O problema é que esta figura é, como diz o título, ausente.

    O filme é muito triste e bem conduzido. A forma como as relações do protagonista vão se apagando é de partir o coração. Trata-se de uma obra sobre a juventude perdida, cujo protagonista caberia muito bem em um filme de Gus Van Sant ou dos irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. É doce, mas é triste. É inocente, mas é também adulto.

    Por sinal, a fotografia realista de Ivo Lopes Araújo também remete aos trabalhos de Van Sant e Dardenne. Conhecido pelos trabalhos em Tatuagem e Quando Eu Era Vivo, Ivo ajuda a criar uma São Paulo melancólica, sem cenários conhecidos, o que passa a impressão de que poderia se tratar de qualquer grande cidade brasileira.

    O roteiro coescrito por César Turim e Sabina Anzuategui passeia por temas sérios, mas não perde seu foco de centrar a atenção nas angústias de seu protagonista.

    Filme visto no 43º Festival de Cinema de Gramado, em agosto de 2015.

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