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    O Outro Lado do Paraíso
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Outro Lado do Paraíso

    Olhar juvenil

    por Lucas Salgado

    Independentemente dos problemas que o filme possui, que serão retratados adiante, há de se reconhecer que O Outro Lado do Paraíso é uma produção muito importante para o Brasil de 2015. No momento em que algumas pessoas chegam a pedir por um golpe militar e que outras falam em marchar pela família e pela liberdade, é de grande importância uma obra que retrate o breve período que antecedeu o golpe militar de 1964.

    Baseado em obra de Luiz Fernando Emediato, que é produtor do filme e inspiração para o personagem Nando (Davi Galdeano), o longa conta a história de Antônio (Eduardo Moscovis), um homem religioso e trabalhador que sonha em dar uma vida melhor para sua mulher e três filhos no interior de Minas Gerais. No ano de 1963, ele está sempre viajando em busca de novas soluções e determinado dia decide se mudar com todos para Brasília, terra de novas oportunidades, onde morra o presidente.

    Chegando lá, ele percebe que nem tudo está perfeito. Ele mora em uma casa simples e consegue um trabalho numa construção, em que vários de seus colegas são explorados. Apesar das dificuldades, consegue dar estudo aos filhos, é otimista com relação ao futuro do Brasil e é um admirador do presidente João Goulart. 

    Antônio é uma figura central na família, mas o filme é protagonizado por Nando. Filho do meio do casal, ele demonstra um grande interesse pela leitura e com o tempo vai se interessando por política. Por sinal, o debate político da época é inserido de forma inteligente através de imagens de arquivo e matérias da TV. Ao retratar o golpe através dos olhos de uma criança, o filme lembra um pouco o belo O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias.

    Delicado ao retratar o dia a dia do menino e sua relação com duas garotas, O Outro Lado do Paraíso falha ao inserir uma narração off, que acaba sendo autoexplicativa e exagerada. O filme dirigido por André Ristum também erra um pouco a mão na trilha sonora, que acaba levando para o melodrama algumas situações.

    Dentre os principais méritos da produção estão a direção de arte e figurino, além do elenco, que traz ainda boas participações de Simone Iliescu, Jonas BlochFlavio BauraquiCamila Márdila

    Filme visto no 43º Festival de Cinema de Gramado, em agosto de 2015.

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