Dominguinhos: Crítica AdoroCinema

Dirigido por Mariana Aydar, Eduardo Nazarian e Joaquim Castro, Dominguinhos tem como principal mérito o fato de conseguir fugir da fórmula padrão de documentários musicais, que muitas vezes investem na simples soma de depoimentos e números musicais. Neste sentido, o novo longa se une ao ótimo A Música Segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos.

O único problema está no fato de faltar um pouco de coesão, com o filme podendo ser dividido em duas partes, uma quase experimental, focada em falas do próprio cantor, e outra musical, com cenas de apresentações. De certa forma, parece que estamos diante de dois filmes diferentes em alguns momentos.

Ainda assim, Dominguinhos é uma obra bem interessante e muito importante para reafirmar o nome do músico no cenário cultural do país. Responsável por clássicos como "Eu Só Quero Um Xodó", "Qui nem jiló", "Isso Aqui Tá Bom Demais" e "De Volta pro Aconchego", Dominguinhos muitas vezes é deixado de lado quando falamos de grandes músicos brasileiros, seja por preconceito pelo gênero do Baião seja pelo fato de vir de uma família humilde do nordeste (algo que também atingiu Luiz Gonzaga).

Com imagens focadas num peão, num menino, num pássaro e numa sanfona, o longa começa de forma lenta e não tradicional, mas que reforça o fato de que tudo em volta do músico estava em constante movimento. Como uma sanfona, sua vida pode seguir um ritmo mais lento em algo momento, mas logo estará animado (e animando, os outros).

Dominguinhos esteve diretamente envolvido com o filme até sua morte em 2013. Neste sentido, é interessante que os responsáveis pela obra tenham conseguido resistir à vontade de fazer uma homenagem póstuma. Eles mantiveram o roteiro centrado nos depoimentos do artista, que aborda desde a infância em Garanhuns à importância de Luiz Gonzaga, que lhe deu sua primeira sanfona.

Num segundo momento, o documentário investe em apresentações musicais. Apesar da mudança, como já dito, ser radical, isso não significa que o filme se torne desinteressante, até porque a produção selecionou números realmente especiais, sempre na companhia de um grande nome da MPB. Nana Caymmi, Gilberto Gil, Nara Leão, Elba Ramalho, Gal Costa e Hermeto Pascoal são alguns dos nomes presentes no longa, com destaque para Nana, em uma apresentação emocionada, e Hermeto, em um encontro formidável.