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    Cake - Uma Razão Para Viver
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Cake - Uma Razão Para Viver

    A volta da que não foi

    por Renato Hermsdorff

    Ela finalmente conseguiu. Desde que explodiu em Friends, Jennifer Aniston se dividiu entre a escolha óbvia dos papéis cômicos (Quero Matar Meu Chefe), com os quais fez uma boa caixinha; e tentativas de mostrar que não é só um rostinho bonito, e que pode atuar em produções mais “cabeça”, como se diz (Por um Sentido na Vida). Fazendo a conta, mais comédias do que dramas, é claro.

    Pois o rostinho bonito envelheceu (muito bem, diga-se) e, ao 45 anos, aparece cheio de cicatrizes (literalmente) neste Cake - Uma Razão Para Viver, que estreia agora no Brasil depois de prometer representar uma guinada na carreira da atriz. E cumprindo.

    Uma espécie de comeback aos papéis sérios, o filme dirigido pelo desconhecido Daniel Barnz (A Menina no País das Maravilhas), do qual Aniston é produtora executiva, é de fato completamente diferente de tudo que ela já fez. A atriz está desbocada, ranzinza, egoísta, cruel, até. Mas o personagem, acima de tudo, exige muito fisicamente – de forma contida, porém. Jennifer passa boa parte do tempo executando movimentos sutis, por conta das dores crônicas da personagem. E é a interpretação que tem que sobressair.

    O longa começa com Claire Simmons (Aniston) em uma rodinha de um grupo de ajuda que tem como objetivo expurgar os sentimentos em relação ao suicídio de Nina (Anna Kendrick). Claire está com raiva. Mas, por quê? Ela reclama de dores. De onde vêm as marcas no rosto? O ex (Chris Messina) deixa uma mensagem no celular combinando de pegar as coisas dele. Ela passa adiante uma caixa cheia de brinquedos. São instigantes as pistas que o filme vai plantando.

    Mas o arco central, em si, da personagem, não impressiona. O filme acerta no sarcástico tom fantástico usado na relação das personagens Claire e Nina e na boa dose de humor involuntário – como na cena em que ela cruza a fronteira com o México para comprar medicamentos sem receita com a ajuda da empregada vivida por Adriana Barraza (indicada ao Oscar por Babel), ótima.

    Aniston fez questão de se cercar de um elenco de apoio renomado, usado afetivamente para dar visibilidade à produção. O papel masculino (do "mocinho") é de Sam Worthington (Avatar), marido de Nina, com quem Claire estabelece uma relação; e a "escada" é a empregada Silvana (Barraza). Creditados, Messina e William H. Macy (Magnólia) têm participações pequeniníssimas.

    Tudo muito bem demarcado, são artifícios que resultam em um filme, por vezes, calculado demais. O tipo indie que Hollywood é capaz de comprar. Mas Cake é, em última análise, um filme de atriz. E que atriz.

    Filme visto no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2014

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