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    Loucas pra Casar
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Loucas pra Casar

    Ilusões do amor

    por Francisco Russo

    Um dos responsáveis pelo sucesso das comédias brasileiras nos últimos anos atende pelo nome de Roberto Santucci. Após comandar os pouco vistos Bellini e a Esfinge e Olé - Um Movie Cabra da Peste, ele encontrou a fórmula mágica das bilheterias com De Pernas pro Ar. Desde então tem engatado uma comédia atrás da outra, sete no período de apenas quatro anos, várias delas bem sucedidas no circuito comercial. Santucci retorna agora com Loucas pra Casar, nova parceria com o roteirista Marcelo Saback, e oferece ao público um humor um pouco mais refinado que o habitual.

    A história, curiosamente, traz um certo contraste em relação a De Pernas pro Ar. Se no filme anterior Ingrid Guimarães interpretava uma mulher com dificuldades em conciliar as atividades profissionais com os papéis de mãe e esposa, e simplesmente desconhecia o orgasmo, em Loucas pra Casar a mesma Ingrid vive quase o oposto: ela tem prazer sexual ao lado do homem de sua vida, Samuel (Márcio Garcia, bem à vontade), está satisfeita com o trabalho mas lhe falta a cobiçada aliança na mão esquerda. Para ressaltar a “gravidade” desta situação, o roteiro capricha no exagero: ela já foi madrinha em 10 casamentos e é “especialista em pegar buquê”. Ou seja, o desespero está batendo à porta – uma situação um pouco parecida com a retratada em outra comédia nacional recente, Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou.

    A junção de tamanha aflição com a típica neurose feminina decorrente da certeza de que Samuel possui amante(s) dá o tom de Loucas pra Casar. De um lado, Ingrid Guimarães mais uma vez retratando uma variação da mulher moderna. Do outro, Tatá Werneck (com lentes de contato azuis) como a mulher recatada e pudica. O terceiro vértice é Suzana Pires, dançarina de boate desbocada e bastante liberal. Facetas distintas que, cada uma à sua maneira, conquistam o coração de Samuel e, por causa disto, duelam entre si.

    Por mais que a disputa por um mesmo homem não seja algo novo no cinema, Loucas pra Casar tem dois diferenciais: o elenco e o desfecho. O primeiro graças ao conhecido timing cômico de Ingrid Guimarães, que não apenas convence na personagem mas também segura sequências divertidas como a da piscina e a da surpresa para o namorado; o olhar obcecado de Tatá Werneck e suas piadas verborrágicas – a cena da igreja é ótima! -; e ainda a boa caracterização de Suzana Pires. Cabe ao trio dar ao filme o fôlego que falta à trama base, recorrendo aos clichês habituais mas com uma certa graça. Além disto, as três protagonistas contam com o bom auxílio de Fabiana Karla (em uma personagem masculinizada) e Edmilson Filho (caprichando nos trejeitos).

    O segundo trunfo do longa-metragem é a boa sacada do desfecho, anunciado no decorrer de todo o longa-metragem a partir de breves pistas (os mais atentos perceberão!). Por mais que a explicação seja beeeeeeeeeeem detalhada, ela é bastante interessante por abordar uma faceta realista do amor e bem inserida dentro da história como um todo. Além de fugir do humor pastelão e por vezes grosseiro que ronda alguns filmes da dupla Santucci/Saback, em especial os estrelados por Leandro Hassum.

    No fim das contas, Loucas pra Casar cumpre bem a tarefa de ser uma comédia com olhar feminino, investindo no bom humor ao retratar as angústias e preocupações de uma vida a dois. Se às vezes derrapa nos estereótipos, consegue se segurar pela competência do elenco, em especial Ingrid Guimarães e Tatá Werneck. Diverte.

    Filme visto no 20º Búzios Cine Festival, em novembro de 2014.

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