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    A Chegada
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    A Chegada

    O Interestelar de Denis Villeneuve

    por Renato Hermsdorff

    Os Suspeitos, O Homem Duplicado, Sicario: Terra de Ninguém. Nos últimos três anos, o cineasta canadense Denis Villeneuve vinha trilhando uma carreira no suspense psicológico, com produções elogiadas tanto por público quanto pela crítica. É de se admirar – e louvar –, portanto, que tenha resolvido se arriscar em um gênero bem diferente daquele que o consagrou: a ficção científica. E o resultado é A Chegada, um filme bonito de se ver, mas um tanto difícil de se compreender.

    A história se passa nos dias atuais, quando seres alienígenas descem à Terra em naves espalhadas por diversos pontos do planeta. Literalmente pairando sobre nossas cabeças, nós, os terráqueos, não sabemos quais as reais intenções da chegada dos visitantes. E, para ajudar na comunicação com os ET´s, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma especialista em linguística, é convocada, com a ajuda do matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner).

    O roteiro de Eric Heisserer (Quando as Luzes se Apagam) se vale da fórmula clássica de conjurar uma história pessoal com um enredo mais abrangente. Assim, o filme se propõe a narrar um drama pessoal – uma perda na vida da protagonista – com a iminente extinção da vida na Terra – a ameaça, em si. É nesse contexto que são combinados conceitos como viagem no tempo e a falta de perspectiva derivada do luto. Se você pensou Interestelar, está no caminho certo.

    Até o terço final do filme, a relação que Louise estabelece com os aliens soa confusa e carece de sentido – pelo menos, um sentido crível. A partir desse ponto, no entanto, por mais improvável que o enredo seja, ele começa a ser interligado, estruturado como um quebra-cabeças não linear, caminhando para um final, se não possível, redondo.

    Por outro lado, apoiado na bela fotografia do experiente Bradford Young (O Ano Mais Violento), Villeneuve se mostra também um esteta da imagem, alternando com maestria planos e enquadramentos variados, de forma a evocar o trabalho mais recente do cultuado Terrence Malick. De encher os olhos.

    Filme visto no 41º Toronto International Film Festival, em setembro de 2016.

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