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    O Diário de uma Adolescente
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    O Diário de uma Adolescente

    Descobrindo o mundo

    por Lucas Salgado

    A adolescência não é apenas uma fase difícil de se viver ou compreender, também é um momento bem complicado de se transportar para a tela do cinema. Não é fácil transmitir o misto de ingenuidade e descoberta, de inocência e sensualidade, de anarquia e responsabilidade. The Diary of a Teenage Girl é uma obra irregular, mas que tem como principal mérito o desenvolvimento de uma protagonista complexa, fascinante e tridimensional.

    Na São Francisco do início dos anos 70, no meio da revolução sexual e do movimento hippie, Minnie Goetze é uma garota de 15 anos que está despertando para o mundo. Ela passa boa parte do tempo desenhando ou falando para seu diário auditivo, para o qual revela a descoberta do sexo, das drogas e por aí vai. Ela vive com a mãe e a irmã mais nova e sua vida sofre uma mudança radical quando passa a dormir com o namorado da primeira.

    O filme trata de temas graves, como alcoolismo, pedofilia e incesto. A principal virtude da produção é tratar disso tudo sem escandalizar o roteiro. Todo é mostrado de forma naturalista. Cabe ao espectador refletir sobre a situação e aos personagens viverem a mesma. Não há verdade absoluta ou culpados. Todos são igualmente responsáveis por suas atitudes.

    A jovem Bel Powley entrega uma atuação memorável como Minnie, transbordando juventude e sexualidade. Do elenco adulto, destacam-se Kristen Wiig, no duro papel da mãe da garota, e Alexander Skarsgård, como o namorado da mãe e amante da filha. Christopher Meloni completa o elenco principal como o ex-namorado da mãe, num papel que provavelmente foi cortado na edição, uma vez que é difícil acreditar que o ator tenha assinado para uma participação tão insignificante.

    The Diary of a Teenage Girl conta com um belo trabalho de direção de arte e figurino, que transmitem bem a ideia de que estamos nos anos 70. Também cabe destacar a beleza visual da produção, que muitas vezes insere desenhos na tela para transmitir o que se passa na cabeça da jovem, que sonha em ser uma artista.

    Escrito e dirigido pela estreante Marielle Heller, o longa é baseado em livro de Phoebe Gloeckner.

    Filme visto no Festival do Rio, em outubro de 2015.

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