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    Tudo Vai Ficar Bem
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Tudo Vai Ficar Bem

    Drama em 3D

    por Bruno Carmelo

    Em pleno ano de 2015, os filmes em 3D não são nenhuma novidade no mercado, e funcionam como principal ferramenta para os grandes estúdios aumentarem a arrecadação de suas principais produções. A terceira dimensão tem sido associada à cultura do espetáculo: quanto mais explosões, mais fantasia, mais super-heróis, mais o recurso é utilizado para ampliar a imersão no filme.

    Por esta razão, é estranho assistir a um drama como Tudo Vai Dar Certo, de Wim Wenders. Os estúdios Warner aceitaram produzir em 3D, por custos significantemente maiores, este drama convencional, sobre um escritor de sucesso (James Franco) que atropela e mata uma criança. Após o acidente, ele e a mãe da vítima (Charlotte Gainsbourg) tentam conviver com o trauma.

    A princípio, este não seria o material mais apropriado para um recurso imersivo. Mas Wim Wenders, que já realizou um ótimo trabalho com a estereoscopia no documentário Pina, faz o que pode, explorando ao máximo a neve caindo em terceira dimensão, os vidros sujos em frente aos personagens, as diferentes posições de cada personagem no espaço. Durante uma conversa ao telefone, o cineasta coloca os dois interlocutores lado a lado no mesmo enquadramento, separados por uma diferente profundidade de campo, graças ao 3D.

    Esta é certamente a maior – e única? – curiosidade de Tudo Vai Dar Certo. De resto, trata-se de um drama frio, monótono, cuja inspiração em uma obra literária se traduz numa porção de reviravoltas condensadas de maneira rápida demais, com letreiros em tela indicando a passagem dos anos. O tempo, elemento essencial em um drama sobre o luto, é mal trabalhado pelas elipses. As cenas de impacto, como o acidente ou a invasão doméstica, são filmadas de maneira distanciada, evitando a surpresa ou emoção.

    Outro problema é o elenco: James Franco compõe um personagem sem evoluções, como se estivesse constantemente dopado, os olhos espremidos rumo ao horizonte, a voz sussurrante e sem confiança. Mesmo em momentos de briga, mesmo com o passar dos anos, ele não demonstra a transformação sugerida pelo roteiro. Rachel McAdams com um sotaque estrangeiro, ou Charlotte Gainsbourg como a mãe pouco afetada pela morte do filho tampouco convencem. Talvez o final otimista, ao menos, console alguns espectadores.

    Filme visto no 65º festival de Berlim, em fevereiro de 2015

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