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    O Abutre
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    O Abutre

    Uma câmera na mão, uma obsessão na cabeça

    por Renato Hermsdorff

    Jake Gyllenhaal não só tem escolhido bons papéis nos últimos anos – O Homem Duplicado, Os Suspeitos, Zodíaco, O Segredo de Brokeback Mountain que lhe rendeu a primeira e única, até aqui, indicação ao Oscar – como trata de assumir também a função de produtor neste O Abutre, um (com o perdão do lugar comum) eletrizante thriller escrito e dirigido por Dan Gilroy, em sua estreia no comando de um longa-metragem (até então, ele era mais conhecido como roteirista, responsável pelos textos de Tudo por Dinheiro e O Legado Bourne).

    Pois ambos aprenderam direitinho como desempenhar bem suas funções – a velha de ator, no caso de Gyllenhaal, que o consagrou; Gilroy no novo ofício. Partindo de uma história criativa, este consegue construir uma atmosfera de suspense da qual o espectador não tem saída.

    Muito bem dirigido, Nightcrawler (no original) tem como protagonista Lou Bloom (Jake), um ladrãozinho de meia tigela que enxerga a possibilidade de fazer carreira – e ganhar dinheiro – como cinegrafista independente, filmando cenas de crimes para alimentar o noticiário de um telejornal sensacionalista editado por Nina (Rene Russo). Uma análise niilista do popular jornalismo mundo cão.

    Para o papel, ele emagreceu cerca de dez Kg (alô, Academia do Oscar!), o que resultou em um aspecto “chupado”, doente, que veste muito bem seu personagem “morto de fome” (olha aí o abutre).

    Em princípio, ele parece só mais um desesperado inofensivo, mas, com a lábia, vai ganhando espaço, importância – e se tornando assustador – à medida em que, sem escrúpulo nenhum, sobe na vida. A performance do ator é (com o perdão do lugar comum 2) estonteante.

    Russo, que fez grande sucesso nos anos 1990, finalmente ganha um trabalho de destaque (não vale contar a pequena participação dela como a mãe de Thor e Loki) em uma produção de alcance. Ela tem até “clipe de Oscar”, sabe aquele momento em que o personagem explode em cena? – mas sem desmerecer o trabalho, que, por si só, já valeria o ingresso.

    Pela criatividade do roteiro, entrega nas interpretações e a direção ágil e envolvente, O Abutre traz uma boa história contada de uma boa maneira. Afinal, não é disso que se trata o cinema?

    Filme visto no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2014.

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