Sustos garantidos
por Lucas SalgadoQuando chegou aos cinemas em 2013, Invocação do Mal parecia apenas mais um filme de terror. Ótimas atuações, uma direção competente e muita tensão acabaram por fazer do longa algo diferente entre as produções do gênero recentes. O resultado foi um sucesso comercial que garantiu não apenas uma continuação, mas também um spin-off: Annabelle (2014).
Ainda que não mantivesse o nível do original e contasse com um roteiro bem previsível, Annabelle também era bem sucedido na construção de tensão. Agora, nos deparamos com Invocação do Mal 2, que pode não ser superior ao original, mas é muito competente naquilo que pretende: assustar.
Enquanto boa parte dos filmes de terror irritam por colocar personagens tomando atitudes ridículas, como comprar uma boneca assustadora para a filha recém-nascida, Invocação do Mal 1 e 2 se destacam por contar histórias de suspense e horror que independem da vontade ou atitude de seus protagonistas.
Vera Farmiga e Patrick Wilson voltam a interpretar o casal Lorraine e Ed Warren. Abalados por um marcante caso em Amityville no final dos anos 70, os dois estão dispostos a não aceitarem mais casos sobrenaturais, focando apenas em palestras e debates. No entanto, são contatados pela igreja para averiguar uma ocorrência na Inglaterra envolvendo uma menina de 11 anos e sua família. Eles aceitam a missão e partem para a Europa. Lá, se deparam com inúmeras situações misteriosas, mas não parecem convencidos de que não podem estar sendo enganados por alguém em busca de atenção.
O filme funciona muitas vezes em duas frentes, mostrando situações envolvendo o casal principal nos EUA e a família na Inglaterra, até que as duas partes se juntam. O diretor James Wan mostra mais uma vez ser muito competente na construção de tensão e na condução de sua câmera. É um filme de terror com personalidade. A câmera está quase sempre em movimento, seguindo diversos sentidos. Temos planos-sequências, transições temporais e muitos exercícios narrativos através da imagem.
Sempre em movimento, a câmera passa ao espectador a sensação de que algo está sempre prestes a acontecer. E muitas vezes está mesmo.
A dupla principal está bem, principalmente Farmiga, cada vez mais especializada em provocar arrepios no público. Mas cabe destacar também o elenco infantil. São quatro crianças em cena e estão todas muito bem. Você se envolve com os personagens e se preocupa com o que vai acontecer com eles.
The Conjuring 2 (no original) abusa de ambientes sombrios, de sombras e vultos, e conta com alguns "vilões" realmente assustadores. Reúne alguns sustos óbvios, mas traz muitos outros naturais e bem pensados. Outro destaque da produção é a seleção musical, além da própria trilha original, que dá o tom de suspense ao longa.