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    Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou

    Vale-comédia

    por Renato Hermsdorff

    O diretor Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) estreia na comédia com um filme acima da média. Primeiro, porque a média dos filmes brasileiros do gênero têm sido bem apelativa, é verdade. Segundo porque Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou trata-se de uma comédia romântica bem produzida, com variadas locações e centrada na figura de Julia Roberts, ops, de Mônica Martelli, que, idealizadora (roteirista e produtora) da história de Fernanda, a protagonista, domina o universo da personagem como ninguém – depois de quase uma década em cartaz, com a peça que atraiu mais de dois milhões de pessoas.

    Filmes da estrela de Hollywood como Um Lugar Chamado Notting Hill e Noiva em Fuga são inspirações assumidas. Mas, como a própria Mônica Martelli declarou, Os Homens São de Marte... é uma comédia romântica diferente. No sentido de que o par da personagem (o quem vai ficar com ela?) não é apresentado logo no início do filme, como na maioria das comédias românticas norte-americanas. Trata-se, segundo ela, não da história de um casal, mas de uma mulher em busca do amor. É um ponto a favor da originalidade.

    Logo no início do filme, Fernanda (uma espécie de alter ego de Mônica Martelli) diz, afirma, comenta, reafirma e sublinha que precisa de um namorado. Nisso, ela se repete. E, se o espectador não se incomodar como o “monotema” da personagem e embarcar na necessidade daquela mulher – alguns vão criticá-la por projetar o objetivo de vida na busca obsessiva por um homem, mas, vá lá, há que se dar um desconto, um “vale-comédia”, digamos –, vai se divertir.

    Apoiado em situações clichês, é na interpretação da atriz que está o grande mérito do filme. Por exemplo: após a primeira noite com um homem, mulher acorda (como qualquer mulher acorda) desarrumada. Antes de abrir os olhos, ela discretamente pega o estojo de maquiagem, sem se levantar da cama, e dá um tapinha no visual. E Fernanda, ou melhor, Mônica, o faz de maneira magistral.

    Na transposição do palco para a tela, os personagens secundários – que, no monólogo, claro, eram interpretados por Martelli – ganham vida. Os amigos mais próximos de Fernanda são vividos pelos ótimos Daniele Valente (se especializando como a coadjuvante que rouba a cena) e o incensado Paulo Gustavo (descontada uma peruca/ prótese capilar inacreditavelmente mal feita).

    O tal time de Marte é variado e inconstante. Eduardo Moscovis, como o político; e o arquiteto de Marcos Palmeira convencem bem. Já Humberto Martins aparece tão exagerado quanto o é o desfecho do segmento que envolve seu personagem. E o alemão Peter Ketnath (de Cinema, Aspirinas e Urubus) está repetitivo como são os momentos de “bicho grilagem” que envolvem seu personagem, o gringo que fincou pé na Bahia.

    O maior problema do filme, no entanto, são os momentos dramáticos da personagem, que soam fora de lugar em um filme tão leve. Fernanda leva um pé na bunda, sobe música triste, chora. Se recupera sem que haja um arco dramático por trás e a estrutura "fora-música-choro" se repete. Se prejudica o filme, no entanto, não arranha a graça de Mônica Martelli, que sacode o cabelo (literalmente. Não deixe de reparar no tique nervoso que a atriz desenvolveu para as situações de início de paquera) e dá a volta por cima.

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