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    A Teoria de Tudo
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    A Teoria de Tudo

    Sem muletas

    por Renato Hermsdorff

    Assim como O Jogo da Imitação, A Teoria de Tudo é a cinebiografia de um gênio cientista britânico que não teve uma vida fácil (no caso, o físico Stephen Hawking). Da mesma forma, o(s) filme(s) traz(em) elementos que costumam agradar as academias responsáveis pelas premiações. A ver: baseia-se de uma história real (Capote, Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento); o retratado é do tipo “problemático” (o fator “não teve uma vida fácil”, sabe?, como Uma Lição de Amor, Meu Pé Esquerdo); um papel que exige uma transformação física do ator protagonista (Clube de Compras Dallas, Monster - Desejo Assassino); deixar correr, em paralelo, as histórias profissional e amorosa do personagem central (Pollock, Forrest Gump - O Contador de Histórias).

    O problema é que seguir uma determinada cartilha, na maioria das vezes, resulta em uma produção burocrática (Uma Mente Brilhante, O Discurso do Rei). Mas, diferente de O Jogo da Imitação, esse não é o caso deste A Teoria de Tudo.

    O filme narra a vida do cientista Stephen Hawking, responsável pela teoria sobre buracos negros e portador de esclerose lateral amiotrófica, que o confinou a uma cadeira de rodas e a uma expectativa de vida de dois anos, quando ainda era jovem. Pois o ator Eddie Redmayne (Os Miseráveis) está absolutamente impecável no papel do protagonista. Ele passa a maior parte do filme mudo, por conta da evolução da doença do personagem, mas adota um repertório de trejeitos e postura (a maneira como ele - não - sustenta o ombro torto, por exemplo) incrivelmente semelhantes aos de Hawking – o resultado é um registro quase que documental sobre o biografado.

     

    James Marsh (vencedor do Oscar de melhor documentário com O Equilibrista) soube aproveitar com sensibilidade o extenso material da vida do estudioso, baseado nas memórias da própria (primeira) esposa de Stephen Hawking, Jane Hawking – interpretada com sutileza por Felicity Jones (O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro), que passa da excitação do início da relação ao visível cansaço (humano) decorrente dos cuidados com o marido.

    O roteiro (de Anthony McCarten) tinha tudo para ser um dramalhão daqueles (afinal, estamos falando de Hollywood), mas se converte em um retrato que, para além de fiel, é poético e (surpresa!) bem-humorado. Ao mesmo tempo em que A Teoria de Tudo é apresentando com leveza, o filme também não foge de polêmicas que poderiam chocar a audiência mais conservadora, a principal delas envolvendo um triângulo amoroso. Em um dado momento, um terceiro elemento, Jonathan Hellyer Jones (Charlie Cox) entra para a vida do casal. Cada um dos personagens tem consciência das suas limitações e, por isso, a iminente mudança na relação é abordada de maneira natural e madura. Não deixa de ser arriscado (afinal, estamos falando de Hollywood).

    A fotografia de Benoît Delhomme também chama a atenção: é exuberante, com destaque para a cena do “baile de maio”, quando Stephen joga todo seu charme para Jane, sob as luzes de um carrossel e, em seguida, de fogos de artifício; ou no filtro usado para dar uma cara de caseiro para as cenas do casamento dos dois.

    É bem verdade que o contexto geral da trama que envolve as descobertas profissionais – bem como o conhecido ateísmo de Hawking – é deixado de lado para privilegiar a história de amor do casal. Mas é uma opção que, como tal, foi bem executada. E sem a necessidade de muletas (ou cadeira de rodas).

    Filme visto no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2014.

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    Comentários

    • Jackson Lovato
      Ta aí um excelente drama pra quem curte o gênero! Ótima atuação de Eddie Redmayne no papel de Stephen Hawking. Com uma doença motora degenerativa descoberta quando tinha apenas 21 anos, não se deixou abater, mesmo quando lhe foi dado apenas mais 2 anos de vida. Esse longa vale a pena!
    • Willians Bru
      Para quem esperava um filme pesado, surpreendeu por sua leveza...A mente brilhante do cientista, aliada às condições e pessoas dos quais ele se acercou, contribuíram para que ele vivesse muito acima das expectativas...Os atores conseguiram transmitir muito bem seus papéis, revezando os momentos agradáveis, com os tensos, e até mesmo com os eróticos...Tb considerei importante que não houve aquela glamourização excessiva, mas sim, mostrada a vida de uma família, se não muito comum (claro, estamos falando de um gênio da física), mas com aspectos bem cotidianos para nós (casa, condições financeiras, amor, filhos, pais, férias, carro etc)...Um filme que realmente vale a pena ver e analisar, sob um monte de aspectos...
    • Bia
      Quais são os pontos positivos e negativos do filme alguém mim ajude?
    • Cristina
      É real, todos sabem
    • Guilherme
      Precisava de spoiler?
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