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    Até que a Sorte nos Separe 2
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Até que a Sorte nos Separe 2

    Tudo de novo, agora em Las Vegas

    por Francisco Russo

    Ao ser lançado, Até que a Sorte nos Separe tinha um objetivo muito claro: investir pesado no carisma e na popularidade de Leandro Hassum, em detrimento de qualquer capricho em relação à história ou até mesmo à técnica cinematográfica. Deu certo. O filme foi visto por mais de 3,5 milhões de pessoas, o que garantiu o lançamento de uma sequência pouco mais de um ano depois. Como em time que está ganhando (dinheiro) não se mexe, Até que a Sorte nos Separe 2 chega aos cinemas seguindo exatamente a mesma fórmula do original – para a tristeza daqueles que apreciam o bom cinema.

    Os problemas começam logo nos minutos iniciais. Após uma abertura mostrando o álbum de retratos da família de Tino ao longo dos anos, eis que seus integrantes surgem na casa onde moram. Detalhe: o rosto de Jane é intencionalmente cortado pela câmera, de forma grosseira mesmo. Tudo para que Hassum possa fazer uma piada sem graça sobre a troca de intérpretes da personagem (Camila Morgado substituiu Danielle Winits, que não conseguiu ser liberada das gravações de Amor à Vida para participar das filmagens). Só tem um problema... o álbum de retratos já havia mostrado a atriz em diversas fotos. Ou seja, o próprio filme boicota a brincadeira que propõe ao público, revelando de antemão quem é a nova Jane!

    Mas calma, caro leitor, pois esta é apenas a primeira de uma longa lista de piadas infames... Assim como no primeiro, Até que a Sorte nos Separe 2 vive de esquetes protagonizadas por Hassum, quase sempre explorando sua habilidade com o humor físico – e, em certos casos, apelando para o grotesco. A novidade é que, com Tino e sua trupe em Las Vegas, há uma série de trocadilhos relacionados com a língua inglesa e celebridades americanas. Indo neste caminho, é constrangedora a sequência em que Tino entra no cassino de alto nível e passa a brincar com os convidados. Gente do nível de Johnny Depp, Oprah Winfrey, Sylvester Stallone – não os verdadeiros, é claro, mas sósias. E o mesmo ocorre em brincadeiras com ícones tipicamente americanos, como a estrada 66 e a própria fama de Las Vegas. Humor típico de Zorra Total, quando não está em seus melhores dias...

    Entretanto, por mais que Até que a Sorte Não Separe 2 seja repleto de piadas fraquíssimas e traga uma história basicamente idêntica à do anterior, só que em Las Vegas – Tino perde a fortuna da família e tenta de toda forma esconder o fato da esposa -, o que mais espanta no filme é a falta de capricho na produção. Não é nem no sentido de exigir algo muito elaborado, mas sim o básico de uma produção minimamente bem feita. Há cenas de (suposto) tiroteio onde é possível notar que os figurantes simplesmente ignoram o que está acontecendo em cena, aumentando ainda mais a sensação de farsa onipresente. O próprio roteiro “brinca” com estas falhas escancaradas na cena em que Tino e Amauri (Kiko Mascarenhas) são presos dentro de um armazém, questionando o que faz uma ave dentro de um local fechado. É o tipo de piada autorreferente que, ao invés de fazer rir, aumenta ainda mais o constrangimento diante de uma produção capenga.

    Além disto, Até que a Sorte nos Separe 2 passa ainda por uma questão conceitual: por que Tino e Jane não levaram o filho mais novo para Las Vegas? A criança simplesmente é entregue para a avó, numa desculpa esfarrapada para que Leandro Hassum possa se travestir em cena. O roteiro sequer se preocupa em dar uma justificativa para deixá-lo lá, por mais esdrúxula que ela possa ser. O objetivo, mais uma vez, é reprisar na sequência a fórmula no original, onde a família era formada por apenas quatro integrantes.

    Diante disto, Até que a Sorte Nos Separe 2 apenas pode agradar a quem fechar os olhos diante de tantos problemas. Ou a quem gosta do filme original, já que o objetivo aqui é reprisá-lo ao máximo. O destaque é a breve participação de Jerry Lewis, que nem chega a ser engraçada mas chama a atenção pelo lado emblemático da presença do comediante, e a própria participação de Camila Morgado, bem melhor do que Danielle Winits mas presa diante da obviedade de sua personagem. Já Anderson Silva... bom, ele simplesmente é Anderson Silva em cena.

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