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    Minhocas
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Minhocas

    Vida de minhoca

    por Francisco Russo

    Por mais que Hollywood tenha amplo domínio no mercado de animações, o cinema brasileiro ultimamente tem se arriscado no formato. Às vezes buscando um linguajar próprio, como é o caso do recente Uma História de Amor e Fúria, em outros trilhando uma estrada parecida com a dos filmes de sucesso produzidos por gigantes como Disney e DreamWorks. É o caso de Minhocas, que desde o início foi planejado de olho no mercado internacional. Até mesmo a opção em usar a técnica do stop motion, inédita em filmes realizados na América Latina, ocorreu devido à dificuldade existente em competir de igual para igual com as milionárias produções norte-americanas feitas em animação computadorizada. Não é à toa também que vários letreiros e capas de jornais e revistas espalhados ao longo do filme estão em inglês, assim como o próprio movimento labial dos personagens. Tudo de olho no potencial que o filme poderia ter fora do Brasil.

    Diante deste claro objetivo, não é de se estranhar que Minhocas pouco traga de novidade. Nitidamente voltado para o público infantil – de crianças bem pequenas -, o filme investe em um universo  de fácil identificação pelos menores, já que as minhocas possuem hábitos tipicamente humanos. Ou seja, por mais que tenham interesse em comer terra e se arrastem no subsolo, elas também vivem em casas, assistem televisão, usam celular e têm até um esporte favorito, o minhocobol. Além disto, é muito fácil saber quem é vilão e quem é mocinho na história: basta olhar o próprio traço dos personagens. Tudo de forma escancarada, assumida mesmo, sem provocar dúvidas sobre quem é quem dentro do filme.

    Entretanto, por mais que Minhocas tenha uma linguagem visual bastante óbvia, isto não significa que ela seja desinteressante. Há um apuro técnico na confecção dos personagens e do universo como um todo, apesar de em certos momentos ser nítido quando maquetes em miniatura foram usadas. Por mais que não seja tão refinado quanto as produções da Aardman, que também costuma trabalhar com stop motion, trata-se de um trabalho bem conduzido pela equipe dos diretores Paolo Conti e Arthur Nunes.

    Deixando de lado o aspecto técnico, Minhocas oferece ao público mirim uma história curiosa que passa por questões importantes, como a luta de classes e o merchandising explícito trazido pela televisão. Entretanto, o destaque maior fica por conta dos vilões. Daniel Boaventura brilha como o dublador de Big Wig, o tatu bola que arquiteta um plano maquiavélico para dominar as minhocas, e os integrantes da Gangue da Lama são bem criativos, não apenas pelo visual adotado para cada um deles mas também por suas particularidades terem também uma utilidade dentro da trama. São eles que dão gás ao filme a partir de sua metade, quando o confronto do bem x mal fica mais claro.

    Como um todo, Minhocas é um filme interessante que tem como maior pecado a falta de ritmo ao longo da história. Fosse mais ágil e conseguiria prender melhor a atenção do espectador, que se esvai em alguns momentos. Entretanto, tem grandes chances de cumprir seu objetivo de servir como entretenimento para as crianças menores.

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