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    Um Estranho no Lago
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Um Estranho no Lago

    À caça no bosque

    por Francisco Russo

    O cenário é pitoresco: à beira de um lago, espaço de sobra para as pessoas aproveitarem o calor do verão europeu, um bosque ao lado para complementar este ambiente bastante ligado à natureza. Com um detalhe: o local é uma espécie de praia nudista, voltada para homossexuais, que observam uns aos outros a todo instante. Todos com olhar de desejo, avaliando cuidadosamente quem pode ser seu novo amante. Feita a escolha, o casal se dirige ao tal bosque do lado, suficientemente fechado para que possam ter relações sexuais à vontade – o que não impede que curiosos possam observá-los sem grande dificuldade. É neste ambiente de pegação, onde todos estão assumidamente à caça de um corpo com o qual possa transar, que acontece o misto de drama e suspense Um Estranho no Lago. Simples assim, sem grandes neuroses acerca de relacionamentos nem nada do tipo. Estão todos atrás de sexo e ponto final.

    Diante deste cenário, o filme focaliza a amizade aos poucos formada entre Franck (Pierre Deladonchamps) e Henri (Patrick d'Assumçao). Se o primeiro é visitante costumeiro do local, e um dos que estão sempre à caça de alguém, o segundo apenas observa o que acontece, sem sentir qualquer tipo de atração sexual por homens. Henri é um homem solitário e vai ao lago apenas para pensar e passar o tempo. A amizade com Franck nasce de uma mera troca de palavras num dia qualquer e aos poucos cresce em importância, já que ambos não possuem amigos.

    Por mais que Um Estranho no Lago tenha um ambiente muito bem definido e também bem executado, calcado principalmente na promiscuidade, o diretor Alain Guiraudie peca pelo exagero. Especialmente nas cenas de sexo, quando faz questão não apenas de insinuar mas também mostrar. Com isso é possível ver cenas bem explícitas, como a da masturbação e consequente gozo de um homem por outro, que no fim das contas soam gratuitas. Nenhuma delas era necessária para estipular o clima de desejo e excitação que reina entre os habitantes daquela beira de lago. Além disto, o filme peca por ser um tanto quanto arrastado, por mais que tenha apenas 97 minutos. No trecho final ainda há uma tentativa de enveredar pelo suspense, mal executada pela ausência de tensão e até mesmo no desenvolvimento da história.

    No fim das contas, Um Estranho no Lago é um filme mais interessante pela ambientação e até mesmo pela coragem, por criar um clima deste tipo envolvendo apenas homens. Fosse mais focado numa história – qualquer uma – e com menos vontade em ser explícito nas cenas de sexo, que acabam desviando a atenção do que realmente interessa, seria um filme ao menos razoável.

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