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    Sob o Mesmo Céu
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Sob o Mesmo Céu

    Com boa vontade, é possível se divertir

    por Renato Hermsdorff

    Conhecido pelo fofo Jerry Maguire - A Grande Virada (1996), famoso mesmo pelo excelente Quase Famosos (2000), desde o início da década passada, Cameron Crowe está devendo um filme à altura. Vanilla Sky? Tudo Acontece em Elizabethtown? Compramos um Zoológico? Difícil. Quase Famosos foi de um brilhantismo tão grande, que elevou o nível das expectativas em torno do próximo trabalho do realizador. Uma "autoarapuca", no fim das contas.

    Agora, chega aos cinemas Sob o Mesmo Céu. A má notícia é que ainda não foi dessa vez. A boa é que se você lidar bem com o fato de que os "caucasianíssimos" Bradley Cooper e Rachel McAdams interpretam personagens havaianos - povo de tipo físico bem diferente do dos atores e motivo pelo qual o diretor foi bastante atacado -, é possível que se divirta com Aloha (no original), por outro lado. (Para o personagem de Emma Stone, há uma explicação genética - compre ela você ou não -, já que ela seria 1/4 havaiana, filha de pai meio chinês e mãe sueca). Eles, que são norte-americanos, que se entendam.

    Na comédia romântica, Cooper dá vida a um ex-militar, fracassado, enviado à sua terra natal para supervisionar o lançamento do satélite de um bilionário um tanto quanto excêntrico, Carson Welch (Bill Murray), tarefa para a qual é acompanhado pela piloto da Força Aérea Allison Ng (Stone). De volta pra casa, ele reencontra o amor do passado, Tracy Woodside (McAdams), hoje casada com o também piloto Woody (John Krasinski). Embora Tracy ainda mexa com o coração do galã, ele se aproxima cada vez mais de Allison.

    Resumindo, Bradley é o mocinho auto depreciador; Emma, a bonitinha espevitada; Bill, o (qualquer coisa) excêntrico... É jogar para a plateia, o que significa que, sim, é divertido até certo ponto e, não, você não vai ser surpreendido. Você sabe onde a história vai parar, embora ela se enrole um bocado para chegar lá, partindo de um roteiro bastante truncado e, muitas vezes, sem sentido nenhum.

    "Ok, mas então, o que filme tem de bom?", você deve estar se perguntando. Diálogos - e uma trilha sonora muito da espertinha, afinal, de música Cameron entende (olá, Quase Famosos!) Sobretudo os não-diálogos que acontecem entre os personagens de Cooper e Krasinski (em tese, seu rival, mas não é por aí que o filme aponta. Ufa!)

    Um dos personagens, esse sim de ascendência havaiana, usa uma camiseta com os dizeres “Hawaiian By Birth, American By Force” (havaiano de nascimento, americano à força). Não deixa de ser irônico, já que Sob o Mesmo Céu parece gritar: havaiano por questões criativas; americano por necessidade mercadológica. Mas a despeito de toda a polêmica ética, trata-se de um filme minimamente divertido. E inofensivo. Que provavelmente será esquecido até o próximo pôr-do-sol.

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