A Última Estação: Crítica AdoroCinema

Hollywood volta e meia produz filmes que mostram como imigrantes dos mais diversos recantos do mundo chegam aos Estados Unidos e se adaptam ao american way of life, mantendo ao menos em parte suas raízes culturais. A Última Estação, filme dirigido por Marcio Curi que abriu o Festival de Brasília de 2012, segue esta mesma proposta ao abordar a vinda de imigrantes libaneses para o Brasil. O personagem principal é Tarik, interpretado pelo carismático Mounir Maasri, que decide enveredar numa viagem Brasil afora para encontrar um velho conhecido da época em que deixou o Líbano rumo ao Brasil de navio. O motivo? Pedir desculpas por algo ocorrido no passado.

O leitor pode achar a princípio que A Última Estação tenha uma boa dose de ingenuidade – que até há, especialmente na representação do passado -, mas na verdade a decisão de partir nesta viagem tem muito a ver com os ideais da própria cultura libanesa, especialmente no modo de agir entre eles próprios. São estes ideais que dão ao filme um toque muito particular referente à cultura libanesa, que por vezes pode soar exótica e até engraçada. Além disto, o filme explora bem o contraste entre a nova e a velha geração, já que Tarik carrega consigo a filha, que se recusa a seguir os mesmos dogmas religiosos e de comportamento do pai.

Entretanto, por mais que seja bem intencionado, A Última Estação tem alguns problemas sérios que minam o filme como um todo. O primeiro deles é a divisão da história a partir das estações visitadas por Tarik, que dá ao filme um caráter episódico e cansativo. O segundo tem a ver com as lacunas deixadas pela trama, com saltos no tempo mal explicados que, mais uma vez, prejudicam a história como um todo.  A longa duração, com 155 minutos sem necessidade, é outro complicador. Apesar destas questões, ainda assim A Última Estação mantém um certo interesse devido aos ideais da cultura libanesa, servindo como um road movie que presta homenagem à população do país que emigrou para o Brasil.