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    The Rover - A Caçada
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    The Rover - A Caçada

    Futuro viável

    por Francisco Russo

    Um dos trunfos da ficção científica é a capacidade de oferecer ao público versões possíveis de um futuro calcado na realidade de momento. O cinema, por sua vez, já foi tanto pessimista (O Exterminador do Futuro, Código de Ataque, Matrix) quanto otimista (E.T., Contatos Imediatos do Terceiro Grau), tendo sempre uma variável importante como mola mestra (a ascensão da inteligência artificial e a existência de vida extraterrestre são os temas mais explorados). Entretanto, existem também as ficções científicas mais pé no chão, no sentido de apresentar um futuro mais viável. The Rover - A Caçada, novo trabalho do diretor David Michôd, segue este caminho.

    Situado na Austrália, 10 anos após um colapso econômico que devastou a civilização mundial, The Rover traz um ambiente que lembra bastante outro sucesso do mesmo país: Mad Max. O clima desértico, com estradas no meio do nada, remetem (intencionalmente?) ao filme dirigido por George Miller. Entretanto, aqui ainda há resquícios que lembram a civilização como a conhecemos, por mais que a crise tenha despertado a lei do mais forte com uma intensidade brutal (literalmente). Ao mesmo tempo em que desafia o espectador a compreender esta nova realidade, Michôd lança um mistério no ar: por que Eric (Guy Pearce) quer tanto reaver seu carro roubado? Mera questão de orgulho, laços afetivos com o veículo ou algo mais escondido? É esta questão que norteia boa parte do filme.

    Em meio à tal busca incessante, há uma boa dose de perseguições e muito, mas muito sangue. Michôd não poupa o espectador em certos momentos, querendo ressaltar a barbárie existente neste mundo onde quem tem arma é rei. No meio do caminho Eric cruza com Rey (Robert Pattinson), um jovem repleto de maneirismos e um sotaque estranhíssimo que enfrenta questões familiares, com quem forma uma dupla improvável. É neste ponto que o filme oferece seu ponto fraco. Se Guy Pearce impressiona ao compor um personagem durão e violento, Pattinson em momento algum aparenta veracidade. Trata-se de um trabalho difícil pelos trejeitos exigidos pelo papel, é necessário ressaltar, mas ao mesmo tempo de uma artificialidade que fica ainda mais nítida quando surge ao lado de seu parceiro de cena.

    Mais interessado em retratar as relações neste ambiente do que propriamente em explicá-lo, o diretor construiu um filme pós-apocalíptico bastante interessante que chama a atenção pelas nuances deste universo e também pela crueza existente entre os personagens. É bem verdade que o filme perde força no decorrer de sua duração, muito devido ao espaço cada vez maior cedido ao personagem de Pattinson, mas jamais perde o pique. Bom filme, bastante violento, onde o grande destaque é mesmo a bela atuação de Pearce.

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