Conexão Perigosa: Crítica AdoroCinema

O roubo de informações tecnológicas muitas vezes está ligado a filmes futurísticos de ficção científica, como O Pagamento. Conexão Perigosa tem como mérito trazer este tema tão atual para o tempo presente. 

Adam Cassidy (Liam Hemsworth) é um ambicioso funcionário de uma empresa de tecnologia que acaba sendo demitido após uma desavença com o chefe Nicholas Wyatt (Gary Oldman). Pouco depois, reconhecendo o desespero do garoto, Wyatt o chama e propõe que ele espione uma companhia concorrente, liderada pelo ex-parceiro Jock Goddard (Harrison Ford).

Com todos os exageros à parte, o longa é bem realista e atual, focado em um mundo capitalista em que a vontade de uma pessoa em "conquistar sempre mais" pode entrar em constante conflito com a legalidade. A produção também se destaca ao reforçar a importância das mídias sociais e a ideia de que o sonho americano foi roubado desta última geração de jovens, forçados a conviver com um Estados Unidos em crise.

Gary Oldman e Harrison Ford surgem confortáveis em seus papéis, mas não vão além do piloto automático. Se a ideia era colocar os dois como jogadores de xadrez, pensando calmamente cada ação, o longa peca ao investir em reviravoltas banais que pouco interessam o espectador.

O filme também é complacente com seu protagonista, um cara que sente vergonha do pai, engana a namorada e passa por cima dos amigos. É difícil pedir para o expectador se identificar com um sujeito de atitudes tão questionáveis.

Exagerando em clichês e estereótipos, Paranoia (no original) prende o interesse por causa da temática, mas falha ao construir personagens interessantes. Neste sentido, o amigo nerd de Adam, visto por segundos na tela, acaba sendo um personagem mais complexo que o próprio protagonista. 

A estonteante Amber Heard surge como Emma Jennings, interesse amoroso de Adam. A atriz cumpre bem sua função de enfeitar o filme e também constrói uma boa química com Hemsworth. Quem não vai bem é Embeth Davidtz e Julian McMahon, com personagens bem caricaturais. Já Josh Holloway, o eterno Sawyer de Lost, interpreta um agente de FBI desinteressante e vazio.

O diretor Robert Luketic mostra mais uma vez que o bom Quebrando a Banca foi uma exceção em sua carreira, repleta de bobagens como Par Perfeito e A Sogra. Conexão Perigosa não é uma bomba, longe disso, mas também falha na criação de uma narrativa envolvente e inteligente. O espectador tem tudo para sair da sala pensando que poderia ter sido bem melhor.