O poder da imagem
por Lucas SalgadoUm dos expoentes do novo cinema nórdico, Joachim Trier é conhecido pelo trabalho como diretor e roteirista do intenso Oslo, 31 de Agosto. Ele também atuou como produtor do cultuado Blind. Agora, chega aos cinemas brasileiros com seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos: Mais Forte que Bombas.
Três anos após a morte da fotógrafa e correspondente de guerra Isabelle Reed (Isabelle Huppert), seu marido e seus dois filhos ainda tentam lidar com a perda. Diante de uma retrospectiva sobre a carreira de Isabelle, os três são obrigados a revisitar sua obra. Enquanto o marido Gene (Gabriel Byrne) tenta seguir sua vida, mas ainda não tem coragem de apresentar a nova namorada para os filhos, o caçula Conrad (Devin Druid) se mostra um garoto retraído e de difícil convivência no colégio.
Ao mesmo tempo, o filho mais velho Jonah (Jesse Eisenberg) acaba de se tornar pai, mas volta para casa para ajudar a revirar os arquivos da mãe. Ele parece receoso em assumir as novas responsabilidades que a vida lhe impõe.
O elenco todo é muito bom. Todos em atuações contidas, num tom sério. O time conta ainda com as ótimas presenças de Amy Ryan, David Strathairn e Rachel Brosnahan. Mesmo filmando nos EUA, com atores em sua maioria americanos, o diretor não abandonou o tom nórdico. E a temática também remete aos seus trabalhos anteriores, especialmente Oslo, 31 de Agosto, uma vez que a depressão também é debatida e tratada de forma tensa em Mais Forte que Bombas.
O filme aborda um debate bem interessante sobre fotografia e imagem. Quais os limites do fotógrafo? Ao retratar uma tragédia, ele está explorando a tristeza ou retratando a realidade? Estes são alguns temas da produção. Mas no que diz a respeito da imagem, não trata apenas da imagem fotográfica, mas também da imagem da família perfeita, que vai se desconstruindo com o tempo.
Louder Than Bombs (no original) oferece uma narrativa não-linear, mas não é confuso em momento algum, além de ser bem sucedido na inserção de imagens do passado, especialmente aquelas envolvendo a morte de Isabelle. Ponto para a montagem de Olivier Bugge Coutté, de Desajustados.
Bem atuado, bem filmado e bem montado, o longa acaba prejudicado pelo roteiro muitas vezes superficial e previsível. A opção por narrações aleatórias também não funciona como planejado pelo diretor.