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    Atividade Paranormal 4
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Atividade Paranormal 4

    Respostas e novas perguntas

    por Francisco Russo

    O formato da série Atividade Paranormal está plenamente estabelecido: muita câmera na mão, no intuito de passar uma certa veracidade nos fatos retratados, e uma trama que aposta firme no medo do desconhecido. A série como um todo não é feita de grandes momentos de matança, mas sim de muita espera. A câmera fica estática, acompanhando um ambiente, até que algo se mova. A tensão vem não do que efetivamente acontece, mas da sensação inquietante de que algo está para acontecer a qualquer momento. Como pano de fundo, há uma mitologia própria que vem sendo construída filme após filme, de forma a justificar a presença da paranormalidade do título. Atividade Paranormal 4 avança neste sentido, mas lança também novas questões a serem decifradas.

    A história, enfim, responde a grande pergunta lançada após o desfecho do primeiro filme: o que terá acontecido com Katie? É claro que nem tudo é explicado, mas o filme mostra a realidade dela cinco anos após o ocorrido. Entretanto, não é dela o foco principal de Atividade Paranormal 4, mas sim da adolescente Alice (Kathryn Newton), sua vizinha. Sempre de laptop em punho, o que justifica as filmagens a partir da câmera portátil, ela acompanha o garoto Robbie (Brady Allen, que impressiona pelo semblante sério), que vive com Katie. Principalmente quando ele fica alojado em sua casa por uns dias, devido à internação de Katie no hospital por uma "doença misteriosa".

    A escolha de uma adolescente como personagem principal atende a algumas questões da série como um todo. Primeiro, mantém Katie como um personagem coadjuvante de peso, cujo histórico e ameaça o público reconhece tão logo a vê – é uma espécie de trunfo, também no sentido de causar tensão pelo que ela é capaz de fazer. Segundo, traz novas vítimas em potencial, abrindo espaço para trabalhar a realidade delas e como a mitologia da série invadiu suas vidas. Terceiro, permite que o público alvo da série, os adolescentes, possam se ver na telona, já que a presença de Alice traz questões típicas como o flerte com o amigo Alex (Matt Shively), a questão do uso constante da internet e a própria sexualidade aflorando.

    Apesar de conseguir segurar bem a proposta da série, Atividade Paranormal 4 peca por repetir algumas situações já vistas em outros filmes. Por exemplo, Alex é uma versão adolescente – e menos chata – de Micah, o namorado de Katie do primeiro filme. O uso de um gato passeando pelos cômodos, no sentido de causar tensão por algo estar acontecendo, é um truque batido e até desnecessário, visto que o gato em si não tem importância alguma na história. Situações como esta demonstram um certo desgaste na série devido à falta de criatividade, talvez pela manutenção dos diretores Henry Joost e Ariel Schulman, responsáveis por Atividade Paranormal 3. Ainda assim, o quarto filme da série agrada principalmente pelo avanço na cronologia em torno de Katie.

    Atividade Paranormal 4 não é o melhor episódio da série nem o mais tenso, mas ainda assim é um bom filme que agrada em cheio quem curte a proposta e a mitologia da série como um todo. Com um desfecho empolgante, o longa deixa a sensação de quero mais, nem que seja apenas para compreender o que de fato está acontecendo naquela realidade. Destaque também para a sacada do Kinect, gerando um belo visual que também funciona bem no sentido de causar tensão no espectador.

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