Entre aliens e abelhas
por Lucas SalgadoDesde que realizaram o primeiro Matrix que os irmãos Andy Wachowski e Lana Wachowski tentam voltar a fazer um grande filme. As continuações decepcionaram e Speed Racer e A Viagem não empolgaram o grande público, embora o último tivesse momentos muito bonitos. Agora, O Destino de Júpiter chega aos cinemas. E a conclusão é clara: não foi dessa vez que os diretores realizaram um longa tão brilhante quanto Matrix. Na verdade, já dá pra desconfiar que isso não irá acontecer.
Estrelado por Channing Tatum, Mila Kunis, Sean Bean e Eddie Redmayne, o novo filme é uma ação ambiciosa passada nos dias de hoje, mas focada em um mundo fantasioso fora do planeta Terra. Júpiter (Kunis) é uma jovem que vive com a mãe e a tia em Chicago. Elas passam dificuldades e a garota parece sempre sonhar com o "mundo exterior". Determinado dia, ela sofre um ataque de pequenas criaturas alienígenas e se descobre em meio a uma disputa familiar de poderosos donos de planetas.
Prestes a ser assassinada, a garota é salva por Caine (Tatum), um ex-soldado que hoje trabalha como caçador e que recebe a missão de levar Júpiter para seu chefe. Com o tempo, ele descobre que ela faz parte da realeza, o que a colocará em risco. Ele, então, passa a defendê-la das ameaças, principalmente aquelas vindas do poderoso Balem (Redmayne).
Jupiter Ascending (no original) conta com cenas de ação extraordinárias e excelentes efeitos visuais. O personagem de Tatum possui uma bota especial que o faz deslizar no ar, gerando cenas bem bacanas. Por outro lado, o filme peca com o roteiro repleto de falhas e diálogos absurdos. Mistura imortalidade, reencarnação, rejuvenescimento, burocracia, casamento entre irmãos, imigração, venda de órgãos... O filme atira para todos os lados e não acerta nada. Possui falas inacreditáveis, como "abelhas não mentem". Sim, abelhas, o inseto. Tem até uma suruba com aliens, mostrando que os Wachowski não aprenderam nada com as sequências de Matrix.
O elenco é esforçado e não compromete muito. Pelo menos, Tatum, Kunis e Bean, que vive um ex-companheiro de Tatum no exército (ou termo parecido). O mesmo não se pode dizer de Eddie Redmayne, que entrega uma atuação ridícula diante de um personagem ridículo. Ele é favorito ao Oscar 2015 pelo belíssimo trabalho em A Teoria de Tudo. Se quisessem diminuir a chance dele levar o prêmio, os concorrentes deveriam mandar cópias de O Destino de Júpiter para todos os membros da Academia. É verdade que Balem está longe de ser um personagem complexo, mas Redmayne não pode colocar a culpa toda no roteiro, pois todas as suas opções de atuação parecem equivocadas aqui. A expressão, a voz, a postura. Está tudo errado. É uma espécie de vilão, mas que não parece ameaçador em momento algum.
Mais uma vez, cabe valorizar a qualidade visual da produção, que apresenta uma série de criaturas alienígenas, uma mais interessante que a outra. Os guardas de Balem, por exemplo, são grandes lagartos, que vestem jaquetas de couro. Tudo muito diferente, mas legal.
O final abre caminho para continuações, mas é pouco provável que alguém saia deste filme querendo mais. Uma pena.