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    Hasta la Vista - Venha Como Você É
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Hasta la Vista - Venha Como Você É

    Na estrada da inclusão

    por Lucas Salgado

    Quem vê o título "Hasta La Vista" logo lembra de O Exterminador do Futuro, mas o filme não possui qualquer relação com a franquia estrelada por Arnold Schwarzenegger, aqui não há viagem no tempo ou futuro apocalíptico, mas sim uma espécie de road movie em defesa da inclusão. A história gira em torno de três jovens que desejam perder a virgindade e, para tanto, embarcam em uma viagem da Bélgica para a Espanha para visitar uma casa de prostituição.

    Quem lê apenas a última frase pensa que o filme é a típica comédia adolescente que o cinema americano já cansou de produzir. Mas há um diferencial, os três indivíduos possuem uma deficiência física. Um deles é cego, o outro é paraplégico e o terceiro está confinado a uma cadeira de rodas. Com isso, a jornada que poderia ganhar ares de superficialidade, se torna algo mais desafiador. Eles lutam contra as próprias limitações, mas também contra a desconfiança dos outros, em especial dos pais.

    Embora funcione como um "filme de estrada", Hasta la Vista - Venha Como Você É alcança seus pontos altos quando desenvolve o relacionamento dos três protagonistas com suas famílias. É difícil não se envolver com a relação de um deles com sua irmã ou com a falta de contato (não de carinho) de outro com sua mãe. Isso sem falar nos duros momentos em que o jovem paraplégico é colocado para dormir pelos pais. Tudo é muito natural, fugindo da caricatura.

    Robrecht Vanden Thoren, Gilles De Schrijver e Tom Audenaert interpretam os três sujeitos, Philip, Lars e Jozef, que possuem características diferentes e, por isso, também despertam a curiosidade do público cada um a seu modo. Jozef talvez seja o personagem menos interessante, principalmente por se mostrar o mais dependente de ajuda. Cego, ele é visto trombando em objetos em seu próprio quarto, algo que não me parece o mais correto. Também incomoda o fato de vermos ele apanhando sua bengala diversas vezes, mas nunca a usando.

    Philip, que é paraplégico, também desagrada por seu egoísmo. Embora tome algumas atitudes que ratificam sua amizade com os outros dois, é possível vê-lo constantemente reclamando de tudo e de todos, e ainda ofendendo terceiros de forma desmotivada. Resta a Lars salvar o trio e é isso que acaba acontecendo. Ele é o personagem mais interessante, sendo muito bem interpretado por De Schrijver.

    Na pele de Claude, a motorista/enfermeira que acompanha os amigos, Isabelle De Hertogh até começa bem, demonstrando muita força e personalidade. Pena que o roteiro de Pierre De Clercq opte por um desfecho que só vai tornando a personagem menos interessante com o tempo.

    Dirigido por Geoffrey Enthoven, o longa tem problemas sério, principalmente diante do fato de que dois dos três protagonistas incomodam. Mas é inegável que também possui inúmeros belos momentos, em que o que menos importa é a perda da virgindade, mas sim a cumplicidade e o interesse mútuo.

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