Você já viu.
por Renato Hermsdorff“Deixando de lado o ótimo Diário de uma Paixão, os filmes inspirados em obras de Nicholas Sparks seguem uma constante: possuem um casal bonitinho que se une contra a vontade do mundo, um romance bem água com açúcar e um final impactante ou traumático. Foi assim em Um Amor para Recordar, Querido John, Um Homem de Sorte e por aí vai. Em Um Porto Seguro, a fórmula é a mesma”. Assim começava o texto da crítica do AdoroCinema do último, até aqui, filme baseado em uma obra do escritor, lançado em 2013.
A gente retoma do trecho “e por aí vai”. A mais nova produção com o selo Sparks, O Melhor de Mim, dirigida por Michael Hoffman (Um Dia Especial), conta a história de Amanda, vivida porLiana Liberato, e Dawson, papel de Luke Bracey (um casal bonitinho), que se apaixonam (um romance bem água com açúcar) a despeito da desaprovação dos pais dela, ricos, em relação à família dele – pobres, envolvidos com drogas (ou seja, se unem contra a vontade do mundo). Eles se separam e se reencontram 20 anos depois, quando da leitura de testamento de um velho amigo em comum.
O “impacto” do final traumático (e ele está lá), no entanto, é amortecido por uma sequência de reviravoltas incríveis (no sentido de difíceis de acreditar), que envolvem uma convergência de coincidências digna da imaginação mais fértil do novelista mais melodramático.
De diferente no filme, o que tem maior potencial para chamar a atenção é o aperfeiçoamento tecnológico. Viva a experiência do cinema de dentro do Photoshop. O programa de computador mesmo. Tudo é tão retocado, lindo, etéreo – a iluminação literalmente não existe – que parece até que o número de fios de cabelo na barba por fazer (e o comprimento) no rostinho de James Marsden (o mocinho na fase madura) foi calculado. O resultado é plástico, artificial. E ele está canastrão no papel do galã maduro. Michelle Monaghan (a heroína adulta), por outro lado, entra no clima com mais veracidade (não que a atmosfera seja muito exigente).
É claro que a fórmula “já é o suficiente para conquistar a simpatia de boa parte do público, em especial aquele afoito por um romancezinho bonitinho com reviravoltas” – de novo, parafraseando o colega de redação na crítica de Um Porto Seguro. A experiência pode até ser satisfatória se você não esperar um filme original (ou se estiver de ressaca, dada a alta dosagem de glicose). Mesmo assim (se você já viu qualquer dos filmes citados acima), você já assistiu a O Melhor de Mim. Esteja avisado.