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    O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua

    Terror adolescente

    por Bruno Carmelo

    O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua faz parte dessas franquias de terror capazes de continuar durante várias décadas, com uma porção de filmes produzidos, sem alterar a premissa básica da série. Isso porque a trama é ampla o suficiente para ser reproduzida: basicamente, um homem perturbado e com problemas mentais, Leatherface, vinga-se de pessoas malvadas que assassinaram a sua família. Como sempre haverá pessoas malvadas, e como as novas gerações continuam vingando a morte das gerações anteriores, é possível apresentar cada vez novos personagens, novas mortes.

    O que a versão de 2013 incorporou, com um prazer manifesto, são os códigos do teen thriller, subgênero que teve sua fase áurea com Pânico e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, e que andava meio desaparecido no terror atual. Estes filmes adolescentes costumavam mostrar um roteiro povoado apenas por jovens, todos belos, siliconados e musculosos, se possível usando roupas mínimas, e tomando decisões pouco inteligentes nas horas erradas: as moças sobem as escadas da casa ao invés de fugir pela porta, os mocinhos escorregam na escada quando o vilão está chegando, o grupo de amigos aceita dar carona para o primeiro desconhecido que passa. Enquanto isso, a câmera foca nos corpos femininos correndo, ou então nos abdômens masculinos.

    Tudo é muito fetichista, bastante acessório, mas plenamente consciente disso. Se não dá para reclamar de alguma coisa aqui, é de hipocrisia. Este filme é concebido pensando em uma parcela pré-adolescente, com os hormônios em ebulição, que pretende se arrepiar e se excitar em igual proporção. Assim, para não perder este importante público-alvo, O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua reduz sua classificação etária ao mostrar as mortes de maneira rápida, distante, no escuro. Mesmo o rosto de Leatherface, costurado com pele humana, é praticamente imperceptível antes da conclusão.

    Para compensar as imagens brandas, os produtores aumentam o som (o barulho da serra elétrica é ensurdecedor) e usam o 3D como se o público estivesse em um parque de diversões: Leatherface enfia sua arma na cara do espectador, e depois lança a ferramenta sobre a cabeça da plateia. O fato é que esta produção flerta constantemente com o humor, voluntário ou não. A plateia gargalhava no cinema com a imagem dos xerifes caipiras e perversos, com a revelação meio simplista na conclusão ou ainda com a personagem de Tania Raymonde, que não consegue ficar mais de 5 minutos em cena sem tirar a roupa.

    O melhor de O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua ainda é a ambiguidade em torno do vilão, satisfatoriamente explorada pelo novo filme. Leatherface não é uma pessoa malvada, ele apenas quer se vingar daqueles que mataram a sua família. Ao mesmo tempo, o fato de ter a idade mental de uma criança o isenta de responsabilidade pelos crimes que comete. Os verdadeiros malvados são os xerifes conservadores do Texas, esses brutos que atiram primeiro e fazem perguntas depois. O roteiro consegue olhar de maneira simples, mas afetuosa para o monstro, enquanto satiriza a cultura vingativa, individualista e ferozmente belicista do sul dos Estados Unidos.

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