Nada de novo
por Lucas SalgadoEm 40 anos de carreira, Taylor Hackford realizou vários filmes bem sucedidos, com destaque para A Força da Destino, Advogado do Diabo e Ray. O mais perto que havia chegado de um longa de ação foi em Prova de Vida, mas ali o mais interessante era a negociação envolvendo um sequestro e a química entre Meg Ryan e Russell Crowe. Assim, Parker pode ser considerado sua estreia no gênero. E não é possível dizer que debutou da melhor forma possível.
Embora conte com a presença de Jason Statham, que já provou ter muita capacidade de entreter o público, seja pela cara emburrada, pelo jeito cínico ou pelas empolgantes cenas de luta, o filme falha na tentativa de prender a atenção do espectador, não contando com vilões realmente ameaçadores e trazendo a presença desnecessária de Jennifer Lopez.
Não é nem o caso de se criticar muito o trabalho de J-Lo, cuja carreira cinematográfica conta com bombas como A Cela, Contato de Risco e A Sogra. Aqui, ela não ganha uma personagem minimamente interessante, sendo possível que nem seus maiores fãs aprovem seu papel na produção.
Parker gira em torno de um ladrão profissional (Statham) que vive uma vida tranquila, levando um relacionamento série e aceitando pequenos serviços de tempos em tempos, sempre se preocupando em não ferir ninguém em seus roubos. Após um bem sucedido, mas atrapalhado, crime, ele decide não aceitar outro serviço com o mesmo grupo, o que não é bem aceito pelos colegas criminosos. Eles, então, atacam Parker e o deixam para morrer na beira de uma estrada.
Como sempre acontece em filmes do tipo, ele sobrevive e passa a procurar vingança. Sabendo que os bandidos estão na Flórida, ele se passa por um milionário que procura um imóvel no local para tentar encontrar a casa em que estão escondidos. É aí que entra a personagem de Lopez, uma corretora de imóveis com dificuldade financeira que tenta vender uma casa ou apartamento para Parker, mas que logo se verá em meio a uma situação muito mais complicada.
O roubo inicial e a sequência final são divertidas e bem realizadas, sendo que o problema está justamente em toda a parte que fica no meio. São muitos os personagens presentes e são poucos os realmente significativos para o andamento da narrativa. Michael Chiklis, Clifton Collins Jr. e Bobby Cannavale não convencem, enquanto que Nick Nolte parece ter ligado o piloto automático.
O roteiro escrito por John J. McLaughlin, a partir do livro Flashfire, de Donald E. Westlake, é repleto de furos e situações desinteressantes. Há a vontade de fazer graça através da personagem de Lopez, mas pouca coisa da certo. O longa também não se destaca no que diz respeito a direção de fotografia, figurino, direção de arte ou trilha sonora.