Sob tensão
por Lucas SalgadoConhecido pelo trabalho no ótimo O Operário, o diretor Brad Anderson teve sua primeira experiência no mundo dos thrillers de suspense em 2010, quando realizou Mistério da Rua 7. O longa, no entanto, foi um fracasso de público e crítica e o cineasta, hoje, tem a chance de tentar se redimir.
Em Chamada de Emergência, Anderson consegue prender a atenção do espectador por boa parte da projeção. O roteiro de Richard D'Ovidio oferece entretenimento e tensão, e só falha no final ao tentar ser um novo O Silêncio dos Inocentes ou Psicose, algo que não faz muito sentido uma vez que a natureza da profissão da Jordan vivida por Halle Berry é bem mais passiva que a de Clarice (Jodie Foster).
Berry interpreta uma atendente do serviço de 911 nos Estados Unidos. Ela recebe ligações e tenta auxiliar a pessoa que ligou em seu problema, muitas vezes direcionando a polícia para ajudá-la. Jordan é obrigada a se manter tranquila durante toda ligação, por pior que seja o caso. Ao receber uma ligação de uma jovem garota, ela comete um erro que resulta na morte da vítima, o que passa a atormentá-la.
Tudo é passado com muita naturalidade e o espectador terá a oportunidade de conhecer mais sobre esse mundo dos operadores das chamadas de emergência, que é raramente visto nas telonas.
Abalada, Jordan tenta seguir sua vida, mas será obrigada a confrontar o mesmo assassino que matou a jovem em outro caso de sequestro, que envolverá a adolescente Casey (Abigail Breslin).
The Call (no original) é um filme muito bem dirigido por Anderson. Mantém um bom ritmo durante seus 94 minutos e ainda consegue ganhar o espectador, fazendo com que este torça para que Casey consiga se salvar. Isso também é mérito da boa atuação e da química entre Berry e Breslin, que quase não contracenam, mas que conversam o tempo todo entre elas.
Halle Berry tem uma atuação competente como Jordan, enquanto Breslin surpreende primeiro pelo tamanho. Cadê aquela menininha de Pequena Miss Sunshine? Morris Chestnut, Michael Imperioli e Michael Eklund são outros nomes do elenco, que falha ao não contar com a presença de um vilão realmente assustador.
Como dito, o final é um dos problemas da produção. O filme investe dois de seus atos para a construção de um clima de suspense para jogar quase tudo fora no terceiro ato, que parece quase um filme B e está completamente deslocado na trama.