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    Capitão América 2 - O Soldado Invernal
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Capitão América 2 - O Soldado Invernal

    Universo em sintonia

    por Lucas Salgado

    Não sei se Capitão América 2 - O Soldado Invernal é o melhor filme da Marvel desde Homem de Ferro ou se é simplesmente o melhor filme da Marvel - deixando de lado, é claro, as franquias X-MenHomem-Aranha. Após experiências pouco empolgantes com Homem de Ferro 3Thor: O Mundo Sombrio, o novo longa do Capitão chega para dar um gás no universo da empresa dos quadrinhos.

    O filme não é sobre um personagem, não é um show de um homem só, como é Iron Man ou O Incrível Hulk. É sobre o mundo Marvel, apresentando inúmeros personagens e referências. Conta com uma boa dose de humor, mas não se perde em momentos cômicos. E ainda oferece antagonistas realmente perigosos e temidos.

    Superando o original Capitão América: O Primeiro Vingador, mas também se aproveitando do tempo que este tomou para construir o personagem principal, a sequência conta com muito mais ação. São várias as cenas de lutas, perseguições, tiroteios e explosões, mas quase sempre investindo no realismo e no combate corpo a corpo. Apenas na batalha final os efeitos especiais roubam a cena, mas nada exagerado.

    Após os eventos ocorridos em Nova York (leia-se Os Vingadores - The Avengers), Steve Rogers (Chris Evans) assume importante posto na S.H.I.E.L.D., sendo responsável por inúmeras missões. Ele continua discordando da forma como Nick Fury (Samuel L. Jackson) mantém uma série de segredos sobre suas atividades, algo que se voltará contra eles. O herói conta com a ajuda de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e do Falcão (Anthony Mackie), tendo que enfrentar um vilão bem poderoso e misterioso chamado Soldado Invernal.

    O principal mérito do filme está em oferecer vários personagens e, ao mesmo, tempo não se perder no desenvolvimento da história. Peggy Carter (Hayley Atwell), Sharon (Emily VanCamp), Maria Hill (Cobie Smulders), Arnim Zola (Toby Jones) e até mesmo Howard Stark (Dominic Cooper) são vistos em cena, mas sem diminuir o ritmo. A grande novidade no elenco é Robert Redford como Alexander Pierce, principal nome da S.H.I.E.L.D. e grande amigo de Fury. O talento do veterano ator é colocado em prol de um personagem complexo e de motivação misteriosa.

    Escrito por Christopher MarkusStephen McFeely, o roteiro talvez seja o mais bem desenvolvido dos filmes do universo Marvel, avançando com toda a história e não oferecendo cenas gratuitas. Como dito, o humor marca presença, principalmente na relação entre o Capitão e o Falcão, que é introduzida de forma natural e elegante. A dinâmica entre Evans e Johansson em cena também é excelente, com ela surgindo quase como que uma irmã mais nova (bem mais nova, uma vez que o herói possui 95 anos).

    Captain America: The Winter Soldier (no original) conta com uma grande direção da dupla Anthony RussoJoe Russo. Curiosamente, os irmãos vindos de séries cômicas como Community mandaram bem melhor do que um diretor de Game of ThronesAlan Taylor (Thor 2). Por sinal, Danny Pudi, o Abed de Community, tem uma participação especial no longa.

    Não se trata de um filme apenas para os fãs dos quadrinhos, mas tem tudo para agradar este público específico, que ficará empolgado com referências à Bruce Banner (Hulk), Stephen Strange (Doutor Estranho) e às indústrias Stark. Como de costume, também temos participação especial de Stan Lee, que surge numa ponta simpática.

    Se a Los Angeles de Homem de Ferro ou a Nova York de Os Vingadores eram mero cenário para a destruição imposta pelos inimigos dos super-heróis - e por eles também -, a Washington vista em Capitão América 2 é quase que uma personagem. Os cenários e paisagens históricas marcam presença e reforçam o caráter político da produção. Desde o início, Rogers critica o alto investimento em segurança e o desrespeito à privacidade dos outros. Ele destaca que sempre lutou pela liberdade, que agora é ignorada pelos responsáveis pelo controle de inteligência. O tema não poderia ser mais atual, em um mundo de Edward Snowden, WikiLeaks e companhia.

    Com bons trabalhos em Capitão PhillipsX-Men: Primeira Classe, o compositor Henry Jackman volta a se destacar na trilha sonora, que acompanha o tempo frenético das cenas de ação e também sabe parar e refletir nos momentos menos intensos. E, sim, o filme possui momentos de pausa, que colaboram (e muito) no desenvolvimento dos personagens e da narrativa.

    Um dos poucos problemas do longa está no 3D, que mais uma vez é desnecessário. Não há nada no filme que exija as três dimensões. Também incomoda um pouco a liberdade tomada no Brasil de abrasileirar algumas citações do longa. Em uma lista de "coisas com as quais o Capitão tem que se inteirar", vemos os nomes da Xuxa, de Wagner Moura e dos Mamonas Assassinas. Proporciona uma boa risada, mas faz sentido em um filme cujo protagonista se chama Capitão América? 

    Se Thor se vê preso na dinâmica entre Thor e Loki, se Homem de Ferro perde tempo em um romance pouco interessante e se Hulk não consegue render um grande filme só dele, Capitão América mostra porque ele é o líder por trás dos Vingadores

    O novo filme deixa o caminho preparado para Os Vingadores 2, incluindo uma cena bem especial nos créditos finais, em que vemos vilões que podem aparecer pela frente. Por sinal, o longa conta com duas cenas nos créditos. Uma no meio e outra no final de tudo. Então, fique preso na poltrona. 

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