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    O Hobbit: A Desolação de Smaug
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    O Hobbit: A Desolação de Smaug

    Está esquentando...

    por Lucas Salgado

    A obra de J.R.R. Tolkien volta aos cinemas mundiais com O Hobbit: A Desolação de Smaug, mais uma vez sob o comando de Peter Jackson. O diretor, por sinal, parece ter nascido para contar nas telas a história da Terra Média, sentindo-se confortável ao ponto de fazer uma rapidíssima participação como ator - tão rápida, que pode até passar batida por quem não estiver prestando atenção do filme desde o começo.

    Ainda que a decisão de dividir a história de O Hobbit em três filmes pareça exagerada, é inegável que ele sabe muito bem como conduzir esta narrativa. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada tinha como principal mérito o fato de fazer ligações precisas entra a nova trilogia e a de O Senhor dos Anéis, mas parecia um pouco arrastada - ao ponto de poucas pessoas ficarem realmente empolgadas com o lançamento de uma versão estendida, ao contrário do que aconteceu em O Senhor dos Anéis.

    Agora, ainda temos momentos claros que não precisavam estar no filme, como a primeira cena de flash back entre Gandalf (Ian McKellen) e Thorin (Richard Armitage). Tal momento pode até ser interessante, principalmente para os fãs, mas não mostra nada que o espectador não sabia antes. Além disso, começar o longa com algo que aconteceu antes da história passada no primeiro filme acaba surgindo como um anticlímax, uma vez que o público quer logo saber como vai continuar a jornada de Bilbo (Martin Freeman).

    Apesar desta certa enrolação, é certo que O Hobbit: A Desolação de Smaug é um grande filme. E não pelo fato de possuir 2h41 de duração, mas por continuar a desenvolver bem seus personagens e por inserir uma ação bem mais empolgante da vista no anterior. 

    Se em Uma Jornada Inesperada tínhamos orcs como principais inimigos, agora a coisa esquentou. Finalmente nos deparamos com o tal Smaug do título, um dragão imponente e ameaçador, que ganha ares aterrorizantes graças ao excelente trabalho de dublagem do ótimo Benedict Cumberbatch.

    O encontro entre Bilbo e Smaug é o grande momento da produção, assim como havia sido o encontro entre Bilbo e Gollum no primeiro. Curiosamente, Martin Freeman e Benedict Cumberbatch são grandes amigos e trabalham juntos na brilhante série Sherlock. O diálogo entre os dois é interessante, inteligente e nunca seguro, uma vez que o jovem hobbit está numa situação de inferioridade física clara.

    Ao contrário do que fez em O Senhor dos Anéis, Jackson fez de O Hobbit uma trilogia em que os filmes são muito mais dependentes uns dos outros. Por mais que a jornada de Frodo começasse em A Sociedade do Anel e terminasse em O Retorno do Rei, os longas possuíam momentos claros de encerramento. Não é o que acontece em O Hobbit, que mais uma vez termina em um momento épico, deixando o espectador um pouco órfão do que está por vir. Tal opção do diretor por ser até falha em termos de narrativa, afinal não realiza obras com início, meio e fim, mas é inegável que ele mantém seu público na expectativa.

    Escrito por Peter JacksonPhilippa BoyensGuillermo del Toro, o roteiro explora bem o universo de Tolkien e evita situações de humor sem importância. O humor ainda continua no filme, mas sem precisar colocar personagens em situações ridículas. O novo longa conta com uma fotografia deslumbrante Andrew Lesnie. Infelizmente, a mesma foi bastante prejudicada pelo 3D, que, como de costume, gera cenas escuras e menos detalhadas, como quando Bilbo caminha pelo monte de ouro na Montanha Solitária.

    A trilha repete o que deu certo nos anteriores e os temas de Howard Shore são bem explorados. Quem ficar durante os créditos finais (não há cena após) vai se deparar com "I See Fire", bela canção folk de Ed Sheeran. Ainda que seja bonita, a música está totalmente fora do clima da produção.

    A Desolação de Smaug não é um filme perfeito, estando atrás da trilogia O Senhor dos Anéis, mas sabe muito bem onde está pisando. E é difícil não ficar empolgado e nostálgico ao conferir elfos assassinando orcs de maneira ágil e intensa. Ainda mais com um desses elfos sendo Legolas (Orlando Bloom). O personagem, por sinal, demonstra um interesse especial na elfa Tauriel (Evangeline Lilly), que também chama a atenção do anão Kili (Aidan Turner). O triângulo está longe de empolgar, mas gera algumas sequências curiosas.

    Agora é esperar para ver O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez, que promete muito. Principalmente por causa dos momentos finais deste segundo filme.

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