Confronto de ícones
por Lucas SalgadoCom o sucesso de Os Mercenários, Sylvester Stallone parece ter aprendido a rir de si próprio. Ajuste de Contas está para Rocky da mesma forma que Os Mercenários está para Rambo, embora seja nítido que o novo filme se preocupe mais com o humor. Aqui também temos um grande encontro, que não é com mais um ex-astro de ação, mas com outro nome que ficou marcado por interpretar um boxeador: Robert De Niro (Touro Indomável).
A premissa é simples, Sly e De Niro vivem dois boxeadores aposentados que foram grandes rivais. Cada um venceu um confronto, mas nunca disputaram uma terceira luta para saber quem era realmente melhor. Anos mais tarde, eles são convencidos a voltar aos ringues para um decisivo confronto.
Como disse, é tudo muito simples e são vários os clichês presentes. Ainda assim, a obra possui seus momentos. Os dois atores seguem o piloto automático, mas conseguem divertir nas cenas em que aparecem lado a lado. Outro destaque vai para a presença de bons coadjuvantes como Kevin Hart e, principalmente, Alan Arkin. As participações especiais também geram bom momentos, como aquele em que Chael Sonnen confronta a dupla de protagonistas.
Por outro lado, Kim Basinger surge totalmente perdida no papel de um antigo interesse amoroso de Razor (Stallone). Ela mescla momentos sérios com outros em que parece uma adolescente, o que não funciona muito bem. Conhecido pelo papel na série The Walking Dead, Jon Bernthal não vai mal, mas tampouco possui um papel digno de destaque.
Grudge Match (no original) conta com uma direção pouco inspirada de Peter Segal, que havia se saído melhor em Agente 86 e Como Se Fosse a Primeira Vez. O filme peca ao investir sem parar na mesma piada. Ver uma disputa entre Rocky Balboa e Jake LaMotta é algo para empolgar todo cinéfilo, mas as brincadeiras nos espírito de "estou velho demais para isso" poderiam ocupar um espaço menor nos diálogos.
O confronto final é bacana, assim como as cenas de treinamento, mas dá-se uma importância sem sentido à personagem de Basinger, que continua uma mulher bonita, mas que não tem muito o que fazer na história. Hart vive o agente responsável pela promoção da luta e se destaca pelo humor rápido. Ainda assim, acaba se perdendo na repetição.
Não se trata de uma obra inesquecível, mas também não é uma completa bomba. Pode ser uma boa pedida numa tarde sem muitas opções. A melhor cena surge durante os créditos finais, o que é sempre um indicativo de que o longa está longe de ser brilhante.