AMIGOS COM BENEFÍCIOS?
por Roberto Cunha"Queria que minha vida fosse um filme". Muita gente já deve ter pensado assim, como a protagonista desta produção. E você está neste time?
Uma das maneiras de se capturar a atenção para uma história é deixar claro para o espectador o que ele terá pela frente. Por mais estranha que essa afirmativa possa parecer, já que o contrário (alimentar a curiosidade) costuma funcionar muito bem, é que vale lembrar que na vida sabemos o caminho para vários destinos e nem por isso eles deixam de ser menos interessantes.
Dylan (Justin Timberlake) trabalha em Los Angeles e em resposta a uma proposta de trabalho de uma head hunter vai parar em Nova York para uma entrevista. Lá, conhece a tal caçadora de talentos que o convocou, Jamie (Mila Kunis), e aproveita para criticar a diferença entre as duas cidades e seus habitantes. Apesar disso, num piscar de olhos os dois já estão trocando uma ideia sobre suas recentes - e desanimadoras - experiências amorosas e a solução encontrada para o caso de ambos foi fazer sexo sem compromisso. Fácil, né?
Se a novidade é zero no argumento, o que tira esse Amizade Colorida do preto e branco da repetição é a combinação de elementos já conhecidos da fórmula com outros não tão comuns assim e, por isso mesmo, "reativos". É o que acontece quando você se depara com doses de realidade, nem sempre vistas no gênero, como aconteceu também em A Verdade Nua e Crua. E assim cenas simples com ele falando dos olhos grandes da atriz, ela crtiicando os próprios seios por serem pequenos ou a simples dificuldade de um homem ir ao banheiro durante uma ereção, fazem a diferença. A brincadeira com as manias de cada um (personagem) também ficaram boas.
Você pode não achar isso nada demais, mas não poderá dizer que é comum no clima de um romance e sim em filmes escrachados. Dito isso, é bom deixar claro também que não faltarão piadinhas previsíveis, sobrarão citações rápidas e até curtições com algumas delas, como acontece com os cantores John Mayer, Kris Kross, o seriado Seinfeld, o filme Eu Te Amo, Cara e até mesmo uma persistente confusão entre nomes de bandas (Third Eyed Blind e Semisonic), algo que acontece no dia a dia de qualquer um. Ah! A melhor delas é quando ele critica a mania que os filmes têm (isso mesmo) de realizar diálogos enquanto o som de uma música come solta ao fundo. Isso é muito verdadeiro. E usar os flash mobs (aglomerações instantânea combinadas) como "personagem coadjuvante" também deu um toque especial.
Apesar dos pontos alto, este longa escrito, produzido e dirigido por Will Gluck (A Mentira) tem lá suas mancadinhas. A pior delas foi ser ousado para explorar o bumbum dos pombinhos (mais dele, porque ela não tem muito) e ao mesmo tempo, nas cenas de sexo, recorrer aos lençóis de cetim pra lá de clichês. Já estava na hora de alguém inventar alguma alternativa mais criativa para camuflar as transas. Para compensar, o elenco conta com o auxílio luxuoso de Woody Harrelson, ótimo no papel de gay bom de conselhos, Richard Jenkins, Patricia Clarkson e Jenna Elfman.
Da série destaques positivos, uma rica trilha sonora, com sucessos "Closing Time", do Semisonic e ainda "Hey Soul Sister", do Train, entre muitas outras canções. De negativo, uma descambada (não muito breve) para o drama, que faz o roteiro perder o ritmo. Os diálogos são práticos e de fácil entendimento sobre idealizações e as escolhas da vida. Não espere inovações ou filosofias porque nada mais é que um tradicional filme romântico de avisos e lições, mas o legal é que funciona. E toca a real: sem namoro, sem emoção e só sexo... nem na ficção.
Assista o trailer em Amizade Colorida, além de ver curiosidades sobre o filme, fotos, elenco etc.
Ah! Não saia antes dos créditos finais porque tem uma cena brincando exatamente com a existência deles no final dos filmes.