Com turbulências
por Lucas SalgadoJá em seus primeiros segundos na tela, Aviões deixa claro de que não se trata de uma obra 100% original. De cara, nos deparamos com uma logo que diz que estamos no mesmo mundo de Carros. A partir daí, você já sabe o que esperar: veículos de transporte como personagens, piadinhas e indiretas sobre sistema mecânico e ainda a valorização das corridas e da superação do "patinho feio". E não deu outra, o longa é exatamente aquilo que se podia esperar.
Se o primeiro Carros se salvava diante da originalidade e da qualidade da animação, Aviões falha ao partir da ideia de que basta se repetir para se dar bem. Pois bem, o longa prova que não é bem assim, afinal decepciona, e muito, no quesito qualidade, se aproximando mais de Carros 2 do que o original.
Sem a assinatura da Pixar, Planes (no original) é um filme que a Disney provavelmente lançaria diretor em DVD/VHS há alguns anos. Não chega a ser uma obra ruim, mas é sum dúvida dispensável. A animação é bonita, mas não oferece nada que já não tenha visto em outras produções. E o roteiro é bem simples. O personagem principal, Dusty, é simpático e possui um grupo de ajudantes bem diversificado.
A dinâmica é a mesmo vista em Carros. Temos uma corrida com um protagonista, um vilão e um punhado de coadjuvantes, todos amiguinhos simpáticos e inusitados. Tudo em prol de fazer do filme algo bonitinho e uma boa via para venda de brinquedos inspirados nos personagens. Em termos de narrativa, não é nada atrativo.
Ficar falando de Carros é pra lá de repetitivo, mas é também inevitável, afinal a repetição e a falta de originalidade estão em vários outros elementos, como a defesa de que uma pessoa, quando deseja, pode fazer mais do que se espera dela.
A versão nacional de Aviões ainda possui um problema além da original, que é a dublagem de Ivete Sangalo. A cantora e atriz nas horas vagas interpreta a "aviã" baiana Carolina e nos entrega uma série de expressões como "bichinho", "arretado" e "bom caldo". Como a personagem é pouco importante, não chega a atrapalhar muito o filme, como fez Luciano Huck em Enrolados. Ainda assim, as falas de Ivete são artificiais.
Sem dúvida, trata-se de um filme infantil, mas isso também não pode significar a falta de cuidado ou mesmo o não interesse em buscar uma história nova.