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    Trolls
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Trolls

    Shrek (só) para baixinhos

    por Renato Hermsdorff

    Assim como em Uma Aventura Lego, Barbie ou G.I. Joe, entre tantos exemplos, o grande desafio por trás da nova animação da Dreamworks era construir, do nada, uma narrativa convincente para contar uma história baseada em uma linha de brinquedos – sobre os quais crianças já se debruçaram à sua época para inventar as próprias tramas. E não é que eles conseguiram?

    Se Trolls não traz o frescor já testado em outras produções do gênero, por outro lado, se apoia na música como grande diferencial, para entregar uma obra colorida – e claramente infantil –, com uma mensagem edificante para os pequenos.

    No filme, os bonecos de cabelos coloridos são a personificação da fofura. Os Trolls vivem para um único objetivo (ou melhor, três): cantar, dançar e abraçar (o que pode ser resumido como: para serem insuportavelmente alegres). Como nem tudo é (nem pode ser) um mar de rosas, existem os Berguens, monstrengos um tanto “deprês” que acreditam que a única forma de alcançar a felicidade é comendo um Troll - mesmo que seja por um dia, apenas.

    Depois que um grupo de fofinhos é capturado, a esfuziante princesa Poppy (voz de Anna Kendrick), com a ajuda do amargurado Tronco/ Branch (Justin Timberlake) – sim, há um Troll infeliz entre nós – precisa resgatar a turma e, para isso, vai buscar a ajuda de uma assistente de cozinha Bergen, que é apaixonada pelo príncipe da sua tribo (e, claro, acha que não tem nenhuma chance com ele).

    Bridget, a Cinderela enjeitada, é o melhor personagem de Trolls: desajustada, inocente, autodepreciativa, ela se encaixa perfeitamente no perfil do anti-conto de fadas do tipo “quem ama o feio bonito lhe parece”. Uma ideia não necessariamente original, já explorada no universo Shrek, por exemplo, mas inegavelmente bem executada aqui. Não à toa, os diretores Walt Dohrn e Mike Mitchell já se envolveram em funções diferentes em Shrek para Sempre, Shrek Terceiro, Gato de Botas e no curta Natal Shrektacular do Burro

    O verdadeiro colorido de Trolls se revela na trilha sonora – e em como as canções são interligadas ao roteiro. “Move Your Feet”, da banda Junior Senior; “The Sound of Silence” (Simon & Garfunkel); “September”, do Earth wind and fire; Cyndi Lauper e “True Colors”; e até “Hello”, Lionel Richie. As músicas se fundem ao enredo muitas vezes de maneira imprevisível, o que se revela uma grata surpresa para o público. Ora ao pé da letra, ora fruto de uma corruptela, os versos de fato ajudam a contar a história – os “pés” (“feet”) de “Move Your Feet”, por exemplo, viram “hair” (“cabelo”) na voz de Kendrick.

    (Mais um) Ponto para Timberlake, que também assina como produtor executivo musical.

    Mais: ironicamente, a escolha de canções dos anos 1960 a 80 (do passado, portanto), principalmente, é uma opção inteligente, que funciona como um chamariz para o público mais velho. E se a versão dublada (a que o AdoroCinema teve aceso) desanima aqueles que esperavam ouvir as canções originais, o trabalho da versão em português é bem criativo e convincente.

      

    No fim, embora você já desconfie onde se encontra a felicidade (a tal mensagem), é impossível não sair cantarolando da sala de cinema.

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