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    Compramos um Zoológico
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Compramos um Zoológico

    PROGRAMA DE FÉRIAS

    por Lucas Salgado

    Compramos um Zoológico é um tradicional filme de final de ano, com o qual a produtora tenta conquistar o público infantil que acaba de sair de férias. Sendo bem feito, como é o caso aqui, não há nenhum problema em se realizar um longa voltado para determinada faixa de idade. Mas mesmo assim, não dá para não falar da estranheza que é ver o nome de Cameron Crowe envolvido com um projeto deste tipo. Conhecido pelo trabalho em Jerry Maguire - A Grande Virada e, principalmente, Quase Famosos, o cineasta sempre realizou filmes minimamente autorais, todos com muito mais conteúdo do que este novo projeto.

    Se está procurando um filme para ver com as crianças durante as férias, We Bought a Zoo (no original) pode ser uma boa alternativa, mas saiba que irá conferir um roteiro simplório e previsível e atuações no piloto-automático, como as de Matt Damon, Scarlett Johansson, Thomas Haden Church e, até mesmo, da jovem Elle Fanning.

    O que mais incomoda na produção é a falta de um caráter humano. Crowe usa todo seu talento para escolher uma ótima trilha sonora - algo que já é marca de seus filmes - mas nem a música consegue salvar a artificialidade de alguns personagens ou situações.

    O longa é baseado na história real de Benjamin Mee (Damon), um pai de família que decide recomeçar sua vida após o falecimento da esposa. Ele compra um zoológico em péssimo estado de conservação, onde, com a ajuda de uma equipe de funcionários e de seus dois filhos, tenta fazer com que o local recupere o brilho perdido. O elenco animal se sai bem, mas o mesmo não se pode dizer o infantil. Colin Ford é o típico adolescente revoltadinho da cidade, enquanto que a irmã de Dakota Fanning vive uma afetada garota do interior. A pequenina Maggie Elizabeth Jones até vai bem no início do filme como a filha de Benjamin, mas é prejudicada pelo excesso de exposição. Crowe fez questão de dar várias cenas e diálogos para a menina, então é capaz que a falta de talento e de naturalidade incomodem algumas pessoas.

    Adaptação de livro do próprio Mee, Compramos um Zoológico teve seu roteiro escrito por Crowe e por Aline Brosh McKenna, que tem uma carreira de altos (O Diabo Veste Prada) e baixos (Não Sei Como Ela Consegue). Como filme, a nova produção não é uma decepção completa, mas deve-se ressaltar que o roteiro faz de tudo para isso.

    Para os fãs de Cameron Crowe, cujo último projeto havia sido o documentário Pearl Jam Twenty, o novo longa deverá ser decepcionante, restando como consolo a presença de Patrick Fugit no elenco. Ele trabalhou com o diretor em Quase Famosos, quando interpretou o jovem William Miller, que cobre pela revista Rolling Stone a turnê de uma banda de rock pelos Estados Unidos.

    Conhecido por O Segredo de Brokeback Mountain e Babel, o diretor de fotografia Rodrigo Prieto faz aqui um de seus trabalhos mais sem personalidade. A fotografia não chega a ser ruim, mas também não busca nada de diferente do padrão "sessão da tarde" que o filme procura atingir. O mesmo pode ser dito da edição de Mark Livolsi (Marley & Eu) e do figurino criado por Deborah Lynn Scott (vencedora do Oscar por Titanic).

    Compramos um Zoológico é prejudicado pela total falta de ambição de Crowe. Se investisse em uma história um pouco mais humana e menos banal poderia ter rendido algo que serviria para crianças e adultos. Mas não foi o que aconteceu. As crianças, em especial as mais novas, podem achar até divertidinho, o que não deve acontecer com os mais velhos.

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