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    Ted
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Ted

    Humor e imaginação

    por Lucas Salgado

    Conhecido pela série de animação Uma Família da Pesada, Seth MacFarlane escolheu Ted para fazer sua estreia na direção cinematográfica. E a escolha não poderia ter sido melhor. O filme traz aquele humor politicamente incorreto que é a marca do seriado e segue a linha de outras comédias restritas para menores que fizeram sucesso recentemente como Se Beber, Não Case! e Missão Madrinha de Casamento. A vantagem de Ted com relação a estes longas é que aqui o humor pode ser boca-suja, mas raramente é gratuito.

    O Ted do título é um ursinho de pelúcia que ganha vida após o desejo de um solitário e jovem John Bennett. Ele não tinha amigos e precisava de uma companhia. E o universo tratou de lhe garantir uma bem inusitada. Um dos pontos mais interessantes do filme está em tratar essa situação como algo normal e convencer o espectador de que aquilo é totalmente aceitável.

    Com o passar do tempo, John e Ted envelhecem e se tornam dois adultos relaxados, que passam boa parte do tempo fumando maconha, bebendo cerveja e falando palavrões. Eventualmente, vão trabalhar, mas sempre que possível procuram um motivo para escapar.

    John vive um relacionamento sério com Lori, que, mesmo se dando bem com Ted, sonha em ver o namorado ficando um pouco mais independente e assumindo as rédeas de sua vida. Ela é muito bem sucedida no trabalho, onde vive recebendo investidas do chefe boa pinta Rex.

    Mark Wahlberg, que já vinha buscando uma aproximação com o humor em obras como Uma Noite Fora de Série e Os Outros Caras, se sai muito bem na pele de John. Ele dá ao personagem uma aura de adorável vagabundo que é ideal para o projeto, afinal ele tinha que cativar o público ao mesmo tempo em que toma atitudes equivocadas. Para viver Lori, o diretor convidou Mila Kunis, que dubla a personagem Meg Griffin em Uma Família da Pesada e que tem toda experiência cômica do seriado That '70s Show.

    Além dirigir e escrever o roteiro, MacFarlane também empresta sua voz ao personagem-título, mostrando todo seu talento como dublador. A voz é um importante elemento na construção de Ted. O elenco conta ainda com as presenças de Joel McHaleGiovanni RibisiJessica BarthNorah Jones. Mas duas participações merecem um destaque maior: Sam J. JonesPatrick Stewart. O primeiro brinca com seu clássico personagem Flash Gordon, enquanto que o segundo é responsável por uma divertidíssima narração.

    O longa é bastante inspirado e tem tudo para divertir o espectador. É curioso como consegue também emocionar e fazer o público aceitar normalmente a amizade entre um adulto e um ursinho de pelúcia. Tem algumas quedas de ritmo, em especial no que diz respeito a relação entre John e Lori, mas nada que comprometa o desempenho final.

    Ted conta com uma boa direção de fotografia de Michael Barrett, que aproveita bem os cenários de Boston e ainda posiciona a câmera de forma que não reduza ainda mais o ursinho, não fazendo com que este pareça insignificante. Quando faz isso, é proposital, como no momento em que Ted é visto de terno procurando um emprego. Ali ele precisa ser colocado em seu verdadeiro tamanho, reduzido diante da necessidade de trabalhar e mudar sua vida. A trilha sonora de Walter Murphy também se destaca. O compositor é parceiro de longa data de MacFarlane, com que trabalha há 12 anos em Family Guy (no original). 

    A produção é um bom exemplo de como a imaginação não deve sofrer com limites ou barreiras. Quando bem executada por pessoas talentosas, toda ideia pode se transformar em algo bacana.

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