Fórmula previsível
por Roberto CunhaO cinema nos últimos anos vem "pescando" sucessos das livrarias na tentativa de fazer da transposição do universo das páginas para a telona algo bastante lucrativo. Isso não é novidade e nem sempre dá certo, mas estão aí os Harry Potter e Senhor dos Anéis, entre outros, para comprovar que é possível. Eu Sou o Número Quatro é uma adaptação do primeiro livro de uma série (prevista para seis títulos) voltada para o público jovem, que ficou sete semanas na lista dos Mais Vendidos do New York Times. Mas e aí? E o filme?
Bem, a história conta sobre nove alienígenas que vieram para a Terra, fugindo de inimigos que precisam eliminá-los em ordem númerica. Os três primeiros foram mortos e o número Quatro (Alex Pettyfer) é o próximo da lista. Eis a dica para o estranho título. Disfarçado entre os humanos numa pequena cidade, ele descobre seus novos poderes ao mesmo tempo em que se apaixona – pela primeira vez - por uma humana (Dianna Agron). Só que os rivais o localizaram, colocando a vida de ambos e o futuro de sua espécie em perigo.
A trama faz uso de alguns simbolismos, mas é de extrema simplicidade, contendo elementos de ação, suspense e a inevitável história de amor. Esse último ponto, aliás, é a mola propulsora porque gera no personagem o conflito necessário para ele enfrentar o perigo e questionar a sua própria existência. Mas não espere nada muito profundo. Dirigido por D.J. Caruso (Controle Absoluto), a aventura tem música de Trevor Rabin (exímio guitarrista do grupo Yes por anos) e pode agradar os espectadores menos exigentes. O elenco conta ainda com Timothy Olyphant (Duro de Matar 4.0) e Teresa Palmer (Um Faz de Conta que Acontece) no papel de Número Seis, uma parceira que veio ajudá-lo.
Embora os efeitos especiais possam parecer modestos para os padrões do produtor Michael Bay (Transformers), eles funcionam. Seja na luta entre dois monstros alienígenas, na hora em que um carro da polícia é levantado ou no momento em que o herói salva a mocinha no colo. É clichê, mas ficou legal. As sequências de ação são bem feitas, mas padecem de criatividade. Não dá para aceitar, por exemplo, aquela coisa de sair andando enquanto tudo explode atrás. Isso já era, ficou banal. Falta impacto e para isso deveriam pensar um pouco mais.
Da série "coisas que não ajudam", as intepretações são fraquinhas e o drama/diálogo durante a morte de um personagem é a prova disso. Para contrabalançar, o leve humor e o visual dos vilões convence, lembrando as criaturas de 30 Dias de Noite. Aliás, a sequência durante a festa de terror em que os protagonistas passeiam num Trator Fantasma merece destaque.
Então o filme é bom? Pode ser para uns, mas com o roteiro frágil, é perfeitamente possível que um grupo de cinéfilos de carteirinha não se identifique com uma fórmula toda certinha. Sabe aquela coisa armas com raio vermelho para os vilões e o raio azul fica com o bons? E assim, somando os pontos positivos e negativos, a equação apresenta problemas e a conta acaba não fechando. Faltou o imprevisível. Quem sabe no número Cinco, Seis, Sete ...