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    Dredd
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Dredd

    O espetáculo da morte

    por Bruno Carmelo

    Neste ano de 2012 em que os maiores sucessos de bilheteria são estrelados por heróis dos quadrinhos (Batman, Os Vingadores), Dredd aparece como uma grande ousadia no circuito comercial. Com orçamento certamente inferior aos concorrentes, ele decide optar por uma linguagem e uma estética inovadoras, sem concessões, que não tentam agradar a todos os tipos de público. Dredd efetua duas mudanças radicais em sua história, tanto na noção de tempo quanto na noção de espaço.

    O tempo é radicalmente conciso e fluido: a ação se passa durante uma tarde, em uma única ação do juiz Dredd, na cidade pós-apocalíptica Mega City Um. Ao invés de retratar a evolução dos personagens, e de diversos coadjuvantes, esta trama se concentra em três ou quatro figuras principais, e cola a câmera aos protagonistas, retratados praticamente em tempo real. Nasce uma impressão de realidade rara e bem-vinda dentro do gênero da ficção científica.

    Já o espaço é utilizado com maestria. Enquanto Batman e Vingadores alteravam entre cenas na terra, no ar e no mar, Dredd prefere explorar minuciosamente um espaço só, o prédio em ruínas Peach Trees. Esta escolha é um verdadeiro presente aos diretores de arte e designers de som, que conseguem explorar com detalhes as infinidades de corredores, salas e passagens, com diversos ruídos de portas, elevadores e grades ecoando pelo edifício. O diretor explora muitíssimo bem a geografia do local, criando uma ambientação coesa e complexa. Este é um dos raros filmes de herói em que o espaço é de fato um personagem da história, e não apenas um pano de fundo para cenas de combate.

    Neste espaço-tempo bastante particular, ocorrem muitas dezenas de mortes, com um grau de violência e estetização surpreendentes. Para o diretor Pete Travis, não basta ver os corpos caírem e sangrarem, eles precisam cair em câmera lentíssima – justificada na trama pela presença de uma droga que produz justamente a impressão da câmera lenta -, com sangue vermelho claro explodindo belamente pelos ares. Cada gota brilha e voa em direção ao público, nesta que é provavelmente a obra com o 3D mais ostensivo que o cinema já produziu até hoje. Todos os planos são feitos para o efeito de profundidade, para as partículas voadoras e brilhantes de espuma, sangue, suor e drogas.

    Entretanto, como ocorre com a maioria de filmes com grandes espetáculos visuais, existe uma mensagem não muito agradável por trás do impressionante carnaval. Dredd é uma dessas obras que se deliciam com o espetáculo da morte, com a carnificina em si. O juiz Dredd (Karl Urban) não hesita em matar crianças ou adultos, vítimas ou inocentes. Para ele, um mendigo na rua é tão criminoso quanto um traficante, basta eliminá-lo e seguir em frente.

    Já que este filme efetua a crônica de uma civilização futura, fica o gosto amargo de um conformismo reacionário, que acredita que "bandido bom é bandido morto", que "policial e ladrão, é tudo farinha do mesmo saco". Isto fica muito claro em duas cenas: na primeira, alguns juízes corruptos enfrentam Dredd, todos vestidos com o mesmo uniforme e o mesmo capacete. Nesta disputa, talvez o espectador não saiba mais quem é o herói e quem são os adversários, mas pouco importa: a cena vale pela matança em potencial. Em outro momento, rumo à conclusão, um corpo é jogado do alto do prédio e o crânio é esmagado contra a lente da câmera, enquanto o sangue jorra pelos lados e pingos voam pelos ares.

    Em Dredd, as mortes belas e empolgantes são um fim em si, pouco importa a identidade de quem morre. No final, a obra é curiosamente sustentada por estes dois pilares: uma inteligência fora do comum no uso da linguagem cinematográfica e um conservadorismo (infelizmente) bastante comum em seu retrato social.

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    Comentários

    • Everson Alves
      Somente se estiver fora da lei. Eles JAMAIS vão executar uma sentença sem ela estar embasada num dos artigos penais de Megacity.Eles são Juízes, não milicianos!
    • Everson Alves
      Até porque se ele simplesmente fosse um reles assassino, já tinha matado o prisioneiro de cara e ele levou a lei ao pé da letra quando a menina quis executar o cara dizendo que era um peso morto.
    • Everson Alves
      Pensei o mesmo. Esse nunca leu Dredd!
    • Everson Alves
      ...Dredd é uma dessas obras que se deliciam com o espetáculo da morte, com a carnificina em si. O juiz Dredd (Karl Urban) não hesita em matar crianças ou adultos, vítimas ou inocentes. Para ele, um mendigo na rua é tão criminoso quanto um traficante, basta eliminá-lo e seguir em frente...Cara o Dredd só aplica a lei e ela é clara em Mega City Um!
    • Marcelo F.
      Concordo e fico pasmo como um site especializado em cinema, com tantos anos e até de certa forma respeitado mantenha esse tipo de comentário aqui ainda ativo. E pior não é um caso isolado e sim é até relativamente comum esses tipos de comentários cheios de erros de avaliação e injustos. Mas, infelizmente , já sabemos bem como funciona a coisa toda... a tal da liberdade de expressão rsrsrs...alguns jornalistas usam e abusam da mesma, mesmo que aumentem, inventem, mintam, distorçam e induzam ao erro. Triste isso!!
    • Marcelo F.
      Que nada, assistiu sim, mas, é proposital.
    • Marcelo F.
      ótimo comentário e reforço complementando no final o filme... e que não entende nada de cinema rsrsrs..
    • Marcelo F.
      Vi o filme e afirmo, adorei. Que sonho se pudesse realmente existir esse tipo de logística do próprio policial ser também o juiz e se resolver ali de forma rápida e, de certa forma, precisa. Perfeição não existe, só Deus, portanto, não busquem soluções milagrosas e perfeitas e que agradem a todos. A vida que tem que prevalecer sempre é a da pessoa de bem. Simples assim. O resto é blá blá blá.....entendam como pessoa de bem aquela que conquistou o seu lugar ao sol sem roubar ou ferrar alguém, puxando tapetes, traindo, enfim, de forma desonesta e sim, estudando e ou trabalhando, conquistando em anos o seu lugar e que hoje colhe os bons frutos que plantou, de forma digna e justa. Uma pessoa que contribui POSITIVAMENTE para a sociedade. Paga os seus impostos, mesmo que a contragosto ou protestando. Que procura ajudar o seu semelhante mas procurando analisar quem realmente merece. Que mesmo vivendo na M. e passando altos apertos, não pense em roubar, praticar atos ilícitos e ou tirar a vida de alguém para conseguir dinheiro e se estabelecer na sociedade.Em tempo.. sem generalizar, mas, a maioria dos ditos críticos da 7ª arte, são roteiristas, cineastas ou diretores frustrados ou, que sonham em ser algum desses citados mas não conseguem simplesmente porque ou são incompetentes ou incapazes. Para os que se enquadrem... uma frase: vão realizar, vençam e sejam premiados e aí , sim, depois a gente conversa de forma séria e como adultos e talvez eu lhes dê algum crédito e venham a merecer o respeito.
    • Marcelo F.
      e só pra corrigir: o juíz Dredd não mata qualquer um, não o vi matando mendigos e nem crianças... Pois é , meu caro, para tu perceber como são, pensam e agem muitos jornalistas .Inclusive, mentem que nem sentem. Mas é óbvio que é o típico comentário que é feito para desestimular o interesse de assistir ao filme.Teu comentário é um dos melhores aqui, senão o melhor. Gostei muito quando escreveu ... Quando nada é tão mastigado para os críticos entenderem é porque há algo maior por trás que precisa ser compreendido.Parabéns!!!
    • Marcelo F.
      Concordo!!
    • Marcelo F.
      KKKK concordo.
    • Luciano Nascimento
      Olha q merda de crítica...O cara criticar o filme pq é conservador demais, pq ele mata bandido demais, pq diz q bandido bom é bandido morto...Esses são os jornalistas que nos informam hoje nos meios de comunicação...
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