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    Machete
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Machete

    TRASH COM ORGULHO

    por Lucas Salgado

    Machete é o tipo de produção que prova que a distância entre o trash e o cult é mais curta do que muitas pessoas pensam, afinal o filme é tão, na falta de melhor palavra, tosco que acaba sendo digno de admiração.

    Não é em qualquer filme que você vê frases como "Machete don't text" (algo como "Machete não manda SMS", na tradução livre), "nós não cruzamos a fronteira, a fronteira nos cruzou" ou "Deus tem piedade, eu não" e fica satisfeito com a narrativa.

    Robert Rodriguez, que já havia abraçado o mundo trash com Planeta Terror, volta a fazer bonito, mas em alguns momentos parece enrolar no andamento da produção.

    As idas e vindas do roteiro são interessantes, mas talvez o filme se saísse ainda melhor se fosse um pouco mais curto (são 105 minutos). Uma prova disso está no fato de que algumas das melhores cenas da produção já estavam presentes no trailer falso que originou o projeto. Isso mostra a (boa) intenção de fazer aquele trailer funcionar para o filme, mas também comprova que alguns dos melhores momentos da produção já estavam presentes em um outro filme, no caso o projeto Grindhouse.

    Co-dirigido por Ethan Maniquis, Machete não é um filme para ganhar prêmios ou reconhecimento mas dificilmente passará batido por quem o assistir. Além de diálogos memoráveis, o longa tem como principal mérito a presença marcante de Danny Trejo, que finalmente deixa de ser o mexicano coadjuvante para brilhar na busca por uma sangrenta vingança.

    A grande qualidade da produção está seleção de seu elenco. Até mesmo aqueles que são notoriamente atores ruins estão bem escalados, como é o caso de Jessica Alba e Steven Seagal. As opções por Lindsay Lohan (interpretando a si própria?) e Michelle Rodriguez também foram corretas, assim como a por Robert De Niro, que merece um destaque a parte.

    O ator de Touro Indomável se entrega totalmente ao papel do Senador John McLaughlin, um tradicional político conservador norte-americano que deseja devolver todos os imigrantes para seus países de origem. Caricato ao extremo - algo que no caso deste filme é positivo -, De Niro mostra mais uma vez porque é um dos maiores atores da história do cinema. Não digo, obviamente, que esta atuação seja uma das maiores performances da história, mas retrata toda a versatilidade do ator.

    Machete talvez seja a produção lançada em 2010 que mais se aproxime de Tropa de Elite 2 no quesito frases de efeito. É claro que não é um filme tão importante ou interessante quanto o de José Padilha, mas a grande questão é que não pretende ser.

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