UM TREM BEM GOVERNADO
por Lucas SalgadoAo contrário do irmão Ridley Scott, queridinho da crítica e responsável por filmes como Alien, o 8º Passageiro, Blade Runner e Gladiador, Tony Scott sempre foi um diretor muito contestado, até mesmo de forma injusta. É óbvio que não produziu os mesmos resultados do irmão, mas ainda assim foi de significativa importância para o cinema nos anos 80 e 90 com filmes como Top Gun - Ases Indomáveis e Maré Vermelha.
Nos últimos anos, Tony andou se repetindo, seja na temática e edição de seus filmes, seja na seleção de elenco - Denzel Washington (O Livro de Eli) estrelou quadro de seus últimos cinco projetos.
Washington e a edição frenética - que nos anos 90 foi apelidada de "cinema MTV" - estão presentes em Incontrolável, mas é inegável que este filme representa uma evolução com relação à O Sequestro do Metrô 1 2 3, Déjà Vu e Domino - A Caçadora de Recompensas.
Scott consegue neste novo filme estabelecer um ritmo intenso como já não fazia há muito tempo. Com isso, ainda que não ofereça diálogos marcantes ou momentos de grande emoção, consegue deixar a espectador ligado ao filme durante toda a projeção. Neste sentido, foi importante a opção por realizar um filme mais curto do que seus últimos projetos, que quase sempre ultrapassaram as duas horas de filmes - Incontrolável tem 98 minutos de duração.
Com boas presenças de Chris Pine (Star Trek) e Rosario Dawson (Percy Jackson e o Ladrão de Raios), o longa conta com ótimos efeitos especiais e uma fotografia que acompanha o andamento da produção. Apesar de não se tratar de uma técnica propriamente nova, a opção por mesclar cenas de falsas matérias de TV também foi acertada, dando à produção quase que um caráter documental.
Baseado em fatos reais, Unstoppable (no original) conta a história de dois funcionários de uma ferrovia norte-americana que realizam uma arriscada operação para tentar impedir que um trem desgovernado e lotado de produtos químicos se choque com uma cidade.
Responsável pelo roteiro de Duro de Matar 4.0, Mark Bomback também assina o texto de Incontrolável. Mas assim como acontece no filme do agente John McClane, aqui o roteiro também está em segundo plano. Todas as historinhas paralelas passarão batidas pelo público, que estará mais preocupado com o que vai acontecer com o trem e com os dois personagens principais. Aqui os verdadeiros roteiristas são Robert Duffy e Chris Lebenzon, responsáveis pela montagem do longa.
Com boa trilha sonora do britânico Harry Gregson-Williams, Incontrolável é um dos trabalhos mais sólidos de Tony Scott. Pode não ser tão marcante como Top Gun ou Dias de Trovão, mas mesmo assim é cinema-entretenimento de boa qualidade, que ao contrário do trem retratado segue bem seu caminho.