Minha conta
    A Pele que Habito
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    A Pele que Habito

    Nova decepção

    por Lucas Salgado

    O que está acontecendo com Pedro Almodóvar? Um dos diretores mais brilhantes de sua época, sendo responsável por obras como Volver, Fale com Ela, Tudo Sobre Minha Mãe e muitas outras, o espanhol não está na melhor das fases. Após realizar o fraquíssimo Abraços Partidos, com Penélope Cruz, o cineasta deixou o universo da sétima arte surpreso ao afirmar que seu próximo projeto seria um suspense. Desde então, muito se espera de A Pele que Habito, mas agora, ao conferir o longa, a sensação é a mesmo tida com Abraços Partidos, ou seja, de frustração.

    O filme marca o reencontro nas telas entre Almodóvar e Antonio Banderas após 21 anos, mas quem espera ver a vitalidade de produções como Ata-me! e Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos pode se preparar para ficar decepcionado. O ator está bem com o papel que lhe foi dado, mas é certo que não conseguirá atrair a simpatia do expectador mesmo tendo passado por muitas dificuldades em sua vida.

    É importante destacar que, ao contrário do que vinha sendo falado, La Piel que Habito (no original) não é um filme de suspense. Busca criar um jogo de tensão e até consegue em seu terço inicial, mas logo joga tudo a perder com uma edição problemática de José Salcedo. A produção aposta todas as fichas em uma surpresa, que de fato funciona, mas não sem antes incomodar o expectador com uma narrativa que vai e volta no tempo de forma abrupta e desnecessária.

    Elena Anaya, Marisa Paredes, Blanca Suárez e Jan Cornet completam o elenco do longa e se saem bem, em especial a primeira, que passa a cada cena o sentimento de estranheza que é necessário para a personagem. Quem não vai nada bem é Eduard Fernández, mas mais por culpa do roteiro que lhe dá um personagem absolutamente fora do tom (Fulgencio).

    Exibido em primeira mão no Festival de Cannes 2011, onde dividiu o público e a crítica, A Pele que Habito é um filme absolutamente sem paixão, que não lembra em nada a cinematografia de Almodóvar. Isso pode ser visto, inclusive, na fotografia sem personalidade de José Luis Alcaine. Não quero dizer que todos os longas do diretor devem seguir tons mais calientes, mas é importante que mesmo numa produção mais fria não falte paixão. É o caso de Má Educação, por exemplo, que é muito mais sério e tenso que as outras produções do cineasta e mesmo assim atinge o expectador.

    Adaptação do livro "Tarantula", de Thierry Jonquet, o longa é um dos mais fracos da carreira de Pedro Almodóvar. Obviamente, possui momentos de uma grande obra, afinal foi realizado por um grande mestre das telonas. Mas o certo mesmo é que A Pele que Habito é uma enorme decepção.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top