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    Histeria
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Histeria

    <br>Prazer moderado</br>

    por Roberto Cunha

    No passado, muitas mulheres foram tratadas de diversas (e bizarras) maneiras para "curar" um mal que as afligia e muitos não sabiam ao certo o que era. Algumas chegaram a sofrer cirurgias e foram internadas (?!?) em manicômios. Para o Dr. Robert Dalrymple (Jonathan Pryce, no piloto automático) elas eram as histéricas. O tratamento consistia na introdução dos dedos do médico na vagina da paciente para uma longa e aliviante massagem.

    Quis o destino que o desempregado Dr. Mortimer Granville (Hugh Dancy) visitasse o tal especialista para pedir uma mãozinha e, ao fazer um "dedo drive", quer dizer, teste drive em uma das pacientes mais velhas, foi contratado de cara (e coroa). Mas o sucesso manual resultou no aumento das consultas e, com o esforço repetitivo, "mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata-piolho" acabaram comprometidos. Com a dor crônica atrapalhando seu desempenho com as pacientes, a solução acabou pintando na adaptação de uma traquitana inventada por um amigo milionário, resultando no famigerado vibrador, hoje mundialmente conhecido.

    Engraçado foi notar que Histeria, que fala do poder das mãos acabou "vítima" delas. Produzido por uma penca de pessoas, idealizado por três e escrito por duas inexperientes do grupo, esse "ménage" criativo revelou-se frágil diante de uma máxima da satisfação sexual: experiência conta. Embora o roteiro seja dotado de humor, parece não ter tesão suficiente para fazer a história render mais. Sem contar que ainda enfiaram na trama um casamento planejado versus uma paixão enrustida do noivo pela irmã da noiva, apelando para soluções previsíveis, dignas de uma sessão da tarde. Visualmente, o figurino é bacana e é bonita a fotografia de Sean Bobbitt (Shame), mas as cenas são comportadas demais e algumas até bobas.

    O elenco tem a inglesinha Felicity Jones, que encantou muita gente com Loucamente Apaixonados (2011), e os eficientes Maggie Gyllenhaal e Ruppert

    Everett, simpático no papel de inventor e, de tabela, precursor do "sexo por telefone". Essa foi uma boa sacada sacana do texto, assim como a frase na tela, no começo: "Baseado em fatos reais. E realmente é." Se por um lado incita um deboche pra cima dos dramas que buscam peso com a expressão, do outro excita o espectador a pensar numa comédia romântica diferente. Pena que esse estímulo dura pouco. Se serve de consolo, as contra-indicações, pelo menos, não chegam a ser tão graves. Trata-se apenas de uma obra com prazer moderado.

    Ah! Se der, não sai da sala antes dos créditos finais, pois neles são apresentadas imagens dos primórdios do aparelho até os dias atuais, com direito a um impagável anúncio da antiga Sears. Para que não conhece, a rede varejista tinha o sugestivo slogan "Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta". Mais oportuno impossível, não?

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