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    Cada um Tem a Gêmea que Merece
    Críticas AdoroCinema
    0,5
    Horrível
    Cada um Tem a Gêmea que Merece

    Inacreditável

    por Francisco Russo

    Vestir-se de mulher não é novidade na sétima arte. Dustin Hoffman (Tootsie), Robin Williams (Uma Babá Quase Perfeita), John Travolta (Hairspray), Martin Lawrence (Vovó...Zona), Eddie Murphy (O Professor Aloprado) e tantos outros já fizeram isto antes. Contracenar consigo mesmo também não, até Arnold Schwarzenegger já explorou a ideia em O Sexto Dia. Dito isto, a possibilidade de ver Adam Sandler em dose dupla e, numa delas, travestido de mulher não traz absolutamente nada de novo. Soma-se a isto o fato de que este é um filme de Adam Sandler, ou seja, repleto de preconceitos e grosserias, e o resultado não é nem um pouco animador.

    A história é focada nos gêmeos Jack e Jill, que vivem bem distantes um do outro. Enquanto ele formou família e enriqueceu, ela permanece solteirona e solitária. O Dia de Ação de Graças se aproxima e, para desespero de Jack, a irmã está prestes a chegar. É claro que eles não se dão bem e é claro que, no decorrer da história, lições de moral sobre a importância da fraternidade e dos bons sentimentos farão com que se reaproximem. Não sem abusar – e muito – das características principais da filmografia de Sandler, cuja predileção pela escatologia gera um tipo de humor raso e sem graça.

    A grande questão é que Sandler, travestido, não convence nem um pouco. O próprio filme assume este lado, com várias piadas sobre a feiúra de Jill e questionamentos se ela não seria um homem. A autocrítica é até bem-vinda, no sentido de fazer graça de si mesmo, só que é explorada de forma superficial. Sandler está mais preocupado em fazer piada sobre as minorias, sob uma falsa aura de proteção. Se por um lado as apresenta ajudando de alguma forma, por outro não pensa duas vezes antes de estereotipá-las. É o que acontece com os mexicanos, os indianos e os sem teto.

    Outra aposta fracassada é nos “twin powers”. São aquelas velhas histórias de que quando acontece algo com um gêmeo o outro também sente ou que um consegue adivinhar o que o outro está pensando. Ok, são argumentos válidos dentro do contexto do filme. O incrível é que as pessoas em volta acreditem piamente, numa complacência que beira o ridículo. Em especial da personagem de Katie Holmes, mera figura decorativa ao longo de todo o filme. Sua única função na trama é aparecer bela como a esposa de Sandler, apenas isto. Retire-a de cena e a história não sentirá falta.

    Entretanto, o mais inacreditável é a presença de Al Pacino, que interpreta a si mesmo. O filme até acerta em algumas brincadeiras sobre a persona pública do ator, como a predileção por Shakespeare e o fato de ter ganho apenas um Oscar, mas também o coloca em situações vergonhosas. O que dizer do comercial do Dunkaccino por ele gravado? É tão patético que o próprio filme faz piada em cima de sua má qualidade. De todos do elenco, é Pacino quem mais merece a Framboesa de Ouro por aceitar fazer parte de algo tão baixo.

    Cada Um Tem a Gêmea que Merece é um filme pavoroso, daqueles que vão irritando mais à medida que a história passa. Se você não for muito fã de Adam Sandler, passe longe. É dos piores filmes de sua carreira.

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